a constante perseguição de ser melhor
como se melhor significasse efetivamente
melhor
tá tudo bem perceber que não há melhor?
entre revoluções a gente percebe que há muito pouco de evolução
e muita luta e guerra e sangue e o conceito de honra sempre mudando
mas ele sempre fundamental e estratégico
tudo pela honra do que é ser
não melhora
só vem mais um dia
e ele significa pouco senão mais uma volta em si mesmo
trezentos e sessenta e cinco dias girando e girando e girando
se apegando em propósitos que dão significado à vida
muito significa pouco e vice-versa
os versos viciados em significados, significativos e significadores
propostas fundamentais de organizar em parâmetros o dia a dia
justificando as próprias atitudes presentes, passadas e futuras
tudo pela justificativa para ser
a convulsão de viver é mais confusa em algumas pessoas
isso eu já percebi
há quem leve as coisas numa boa
e eu gosto disso
sem ciúmes, rancor ou inveja
só a liberdade de me sentir confortável por alguém
quase ninguém tá confortável
todo mundo se justificando por justificar
sem se apegar a memórias, conceitos e posições
mas presos em éticas duvidáveis e sonhos impossíveis
por que me apedrejar?
pra viver em literatura o sofrimento destilado soletrado
coitado quanta ilusão
pra me empedrejar e me fazer estátua e obra de arte
e sozinho serei multidão
impede já o que já foi dito
e me serve pra eu engolir tudo
sem medo de passar mal
de modo algum
comer tem tudo a ver com prazer
engolindo as letras uma a uma
e arrotar isso bem orgulhoso
de que tudo deixou de passar
nada
vai
passar
a obesidade nas minhas bochechas
espremendo meus lábios em bico
e nenhuma palavra me foge
tal que engulo com fome todas elas
vai passar
confortavelmente
vai passar
segunda-feira, 17 de abril de 2017
terça-feira, 4 de abril de 2017
Tratado de Tordesilhas
Um passo pra trás e não existem verdades
Só perspectivas de camadas sobre camadas de realidade
Que se confundem e se espremem nos nossos
Vícios mais ignorantes
Vou ver a vida vazando
Enquanto vagueio vadio
Atolado de memórias e histórias
Responsabilidades e vulnerabilidades
Afogado em ser e estar
To be or not to be
Razoavelmente ou radicalmente
Me despi das razões pois são outras mentiras
Que contamos a nós mesmos
Enquanto buscamos justificar a verdade
A verdade não precisa de justificativa
É e pronto
Ser ou não ser
É porque é
E se ninguém a conhece
Continua sendo
Razões pra viver como todo mundo
Esperando salvar o planeta ou comprar sem sentir dor
Inventar alguma coisa nova
E sucessivamente acumular vitórias seguidas
Ser a verdade
Não ser de verdade
A verdade que não é
Sem razão
O que os olhos veem e o coração não sente
O coração sente o peso desses anos estranhos
Dessas mágoas disfarçadas de memórias
E dessas memórias disfarçadas de deja vus
A realidade sempre distinta e objetivamente mais obscura e mais real
Como se todo pulo pudesse me matar
E eu sentisse medo do pulo
Suicída
Covarde
Ou corajoso
Eu continuo
Crendo cegamente que sou um
Moto perpétuo
Tal que a energia
Nunca acaba
Eu sei que é mentira
Mas eu minto pra mim quando reconheço a escuridão ardida da realidade
E sou bom contador de história
E me fascino com minhas próprias fantasias
Quando é noite é tarde
Quando é dia
É tarde
É sempre tarde e eu acredito em coisas que sei que não existem
O mundo me julga
E eu me finjo surpreso
Quem me julga? Por quê? O que aconteceu?
O que aconteceu aqui?
Me acostumei com os juízes
E seus martelos
E suas sentenças
De plena e pura verdade transparente
A verdade é sempre transparente
E some
E eu já nem ligo mais
Finjo que não é comigo
A realidade que vejo já me comprime com força
Não preciso fazer esforço para procurar a verdade
Pois eu sei
Que toda ela
É invisível
Só perspectivas de camadas sobre camadas de realidade
Que se confundem e se espremem nos nossos
Vícios mais ignorantes
Vou ver a vida vazando
Enquanto vagueio vadio
Atolado de memórias e histórias
Responsabilidades e vulnerabilidades
Afogado em ser e estar
To be or not to be
Razoavelmente ou radicalmente
Me despi das razões pois são outras mentiras
Que contamos a nós mesmos
Enquanto buscamos justificar a verdade
A verdade não precisa de justificativa
É e pronto
Ser ou não ser
É porque é
E se ninguém a conhece
Continua sendo
Razões pra viver como todo mundo
Esperando salvar o planeta ou comprar sem sentir dor
Inventar alguma coisa nova
E sucessivamente acumular vitórias seguidas
Ser a verdade
Não ser de verdade
A verdade que não é
Sem razão
O que os olhos veem e o coração não sente
O coração sente o peso desses anos estranhos
Dessas mágoas disfarçadas de memórias
E dessas memórias disfarçadas de deja vus
A realidade sempre distinta e objetivamente mais obscura e mais real
Como se todo pulo pudesse me matar
E eu sentisse medo do pulo
Suicída
Covarde
Ou corajoso
Eu continuo
Crendo cegamente que sou um
Moto perpétuo
Tal que a energia
Nunca acaba
Eu sei que é mentira
Mas eu minto pra mim quando reconheço a escuridão ardida da realidade
E sou bom contador de história
E me fascino com minhas próprias fantasias
Quando é noite é tarde
Quando é dia
É tarde
É sempre tarde e eu acredito em coisas que sei que não existem
O mundo me julga
E eu me finjo surpreso
Quem me julga? Por quê? O que aconteceu?
O que aconteceu aqui?
Me acostumei com os juízes
E seus martelos
E suas sentenças
De plena e pura verdade transparente
A verdade é sempre transparente
E some
E eu já nem ligo mais
Finjo que não é comigo
A realidade que vejo já me comprime com força
Não preciso fazer esforço para procurar a verdade
Pois eu sei
Que toda ela
É invisível
Assinar:
Postagens (Atom)