terça-feira, 7 de setembro de 2010

Adultério

Paixão. Sentimento pútrefe. Há tempos me apaixonei e senti uma mulher inflando meu peito fraco. Arregaçando minhas costelas e se tornando onipresente nos meus sonhos. Apaixonado. Finalmente apaixonado. Finalmente destroçado e desiludido. Finalmente gente. Apaixonado como os policiais. Apaixonado como os vagabundos. Apaixonado como os sofredores. Apaixonado como os pais. Apaixonado como os dentistas, os médicos, os advogados, os engenheiros. Apaixonado como os poetas e os escritores. Apaixonado como as estrelas. Apaixonado como o mundo. Apaixonado como os homens. Como um ser humano. Apaixonado como os maridos. Exatamente como os maridos. Que sonham com as suas paixões, enquanto dormem ao lado de suas esposas mal amadas. Exatamente como os maridos sentem um vazio quando olham para si mesmos, quando olham para as suas esposas, mas sentem seu mundo mais completo quando seus olhos se unem com os olhos das suas paixões. Apaixonado como os infiéis e seus sonhos libidinosos. A vulva dela. A bunda dela tocando a minha barriga. Os sonhos que eu não podia ter. Apaixonado como todos os infiéis da porra do mundo. Apaixonado pelo rabo enorme, pelas pernas enormes. Apaixonado pela cintura fina e seus seios escondidos pelo top preto. Apaixonado pelo seu cabelo cacheado pendendo nos ombros. Apaixonado pelos seus olhos borrados de maquiagem carregada. Caralho, que olhos. Vidrados de álcool, de vontade de mim, só de mim. Apaixonado pelo nariz delicado e pela boca seca que ela morde quando ela me vê. Ela morde os lábios por mim. Só por mim. Prá nenhum filho da puta. Só pros meus lábios mordidos quando eu vejo ela. E nossos olhos se encontram e eu quero morrer. Quero deixar de sentir o mundo para sentir a pele dela sob a minha. Quero você mais perto.