quarta-feira, 22 de junho de 2011

Revira e volta

você some por meses
e do nada reaparece
e do meu ódio do teu sumiço
fica a paixão revigorada
que merda
você some
e eu te odeio
e você volta
e eu te amo
e amo teus lábios
e amo teus cabelos
e amo teus olhos
e amo teus seios
e você
toda vez
some
é injusto
eu não poder te tocar

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Queda

Caindo
caindo
caindo
caindo
e
eu
me
canso
de novo.
Deitado no chão
esperando o fim do mundo
eu te vejo mais feliz
e me vejo mais sozinho
e o tempo passa rápido demais
e o tempo passa devagar demais
e tudo é demais
e eu
aqui
embaixo.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Arisco

eu me meto nessas paredes
e vivo meu mundo
longe do mundo
dos seres humanos.

mas as vezes acho que a minha solidão
não é o suficiente
e todos os seres humanos
tendem a entrar no meu mundo.

o inimigo está por perto
vestido de amigo
ou de amor
e eu me escondo tão bem.

mas eles sempre estão aqui
tomando uma cerveja no meu sofá
ou cagando no meu banheiro
ou rindo das minhas piadas.

eu vivo nessa gaiola
pra eu sentir
o que eu nunca sinto:
um pouco de segurança.

domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos namorados

Amanda tinha amigas maravilhosas. Todas patricinhas e incrivelmente deliciosas, umas mais, outras menos, mas todas elas tão belas quanto atrizes hollywoodianas ou atrizes globais ou atrizes pornôs. Todas atrizes, fazendo papel de madames ninfetas de maquiagem carregada e de valores plastificados e de ideias nada criativas e contra todo o tipo de droga, pois as drogas acabavam com a classe da burguesia. Ou seja, droga é coisa de pobre.
Bebiam champagne na beira da piscina, achando que era suco de uvas brancas com "bolinhas". Não passava pela pequena cabeça delas que o champagne era só mais uma droga em que elas estavam viciadas. Todas de biquíni e levemente embriagadas com suas calcinhas atochadas e a parte de cima saindo do lugar, pronta para me mostrar um mamilo que está louco para dar de cara com os meus olhos vidrados.
Eu era o único homem, pois era namorado da Amanda. Todas achavam os homens repugnantes, exceto se eles dirigissem um carro que custasse mais de noventa mil reais. Eu andava a pé e devia ter um pau de ouro. Elas gostavam de mim e eu realmente gostava delas. E toda vez que Amanda ia tomar banho ou atender o telefone ou cagar no seu trono real, elas ficavam sobre mim e eu ficava sobre elas, elas com classe e eu completamente bêbado do whisky do sogrão que nunca estava em casa.
Certo dia Mariana, uma das amigas da Amanda, estava dentro da piscina e disse: vamos entrar peladas na piscina? E ninguém deu bola a ela. Eu tirei minha sunga e pulei n'água. Cheguei perto da Mari e lhe disse: Vira de costas. Desamarrei a parte de cima do biquíni, mergulhei e puxei a calcinha dela para baixo. Enquanto eu subia à superfície, Mariana ia se aproximando de mim e encostando o seu corpo nu no meu corpo nu. Ela se virou e me beijou, apertando com força a minha bunda mole. Todas as outras garotas estavam com seus iPhones e a Britney Spears ou a Lady Gaga ou a Shakira ou o Justin Bieber ou o outro Justin, o Timberlake, ou qualquer coisa parecida gritava no ouvido delas enquanto elas se torravam no sol de olhos fechados. Nos beijamos outra vez, agora, com uma mão, eu apertava com força a pequena bunda durinha dela, a outra mão ia de encontro com um mamilo endurecido num seio delicioso. Ela se virou, pegou o biquíni e disse: Amarra pra mim?

sábado, 11 de junho de 2011

Viagem

Ela me amava e eu achava que não era nenhum problema ser amado por ela. Estávamos no banco de trás do carro, junto com outro cara. Alguém dirigia e a namorada do motorista ia no banco do passageiro. Minhas mãos e pés estavam congelados e acho que as mãos e os pés de todo mundo também ardiam com o frio. Era o pior inverno desde sempre, mas o céu estava limpo e o dia agradavelmente frio. Ela estava encostada no meu peito e meu braço a envolvia. Pus a mão gelada no colo dela.
- Ai, filho da puta! Que mão gelada! - Eu ri, mas não tirei a mão de lá. O motorista passou por uma lombada e minha mão foi até o seio dela. - Duvido que você coloque a mão dentro do meu sutien...
- Por que duvida?
- Porque a tua mão tá congelando e eu vou ficar puta com você. - Eu ri de novo. - É sério! Se você pôr a mão, eu vou arregaçar o teu pau e ele vai ficar do avesso, com a cabeça apontada pra você... - Eu parei de rir e achei aquilo realmente estranho, o motorista começou a gargalhar, a namorada ria discretamente e o cara do meu lado fingia que nada acontecia em volta dele. - Vai, Tho... Quer ver se você tem coragem! - Então eu pus e o seio dela estava tão gelado quanto a minha mão, ela sorriu. Os namorados conversavam entre eles e o cara do meu lado olhava de canto de olho indisdiscretamente. Eu podia ler os pensamentos dele e ele achava que a qualquer momento o seio dela ia aparecer e ele ia bater uma punheta ali mesmo enquanto assistia a gente transar no carro em movimento. Ele era doente...
Ela fechou os olhos e eu comecei a acariciar o mamilo dela. Instantâneamente o seio ficou quente e logo a minha mão também. Fiquei nisso por décadas e ninguém falava nada sobre isso. Eu olhei pro cara do meu lado e ele ficou com vergonha de mim e se escondeu olhando para a paisagem monótona.
- Chegamos, finalmente... - Disse o motorista.
Ela abriu os olhos, ainda sorrindo e, provavelmente, estupidamente molhada. Eu me arrumei dentro da calça e saímos do carro.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Inspiração

eu não sei
fazer poesia
quando eu não quero
escrever.
e acho que todo
escritor de meia tijela
é assim.
e todo escritor de verdade
e todo mundo que pensa
e todo mundo que acorda
e escova os dentes
e dá uma mijada quente
toma um banho de duas horas
e vive um dia infernal
como todos os dias
de um escritor
e de um filho da puta qualquer
são assim.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Abstinência

Ela passou por mim, com toda a sua beleza e suas sardas e seu piercing no nariz e seu cabelo no rosto, sem nem ao menos notar a minha existência. Foda-se, eu pensei. Ela não deve saber quem sou eu, qual é meu nome, o que eu faço. Mas muita gente deve passar por mim e achar que eu passo, com toda a minha beleza, sem nem ao menos notar a existência delas. Não que eu tenha um quê de beleza, só estou supondo que existam pessoas com tal gosto escroto, o gosto por mim. E eu pensei foda-se, pois ela não sabe quem sou eu e possivelmente jamais vai saber. Eu vou passar por infinitas outras mulheres que jamais saberão que elas me excitam. Não vai ser por isso que vou parar de transar. Não me preocupo com essas coisas levianas, o sexo e o amor e a masturbação, pelo menos não agora. Acho que o sexo é inevitável, não vou ficar 20 anos sem ver uma vagina. O amor é inevitável, não vou morrer sem amar novamente pelo menos umas 4 ou 5 vezes.
Das minhas abstinências sexuais, meus maiores períodos foram de 6 meses. E 6 meses parece muita coisa quando você transa todos os dias, ou toda semana, ou todo mês. Mas 6 meses não é nada para quem não transa há 3 ou 4 meses. Fiquei 3 vezes nesse limbo sexual dos 6 meses, as 3 vezes foram resultados de fins de namoros. Nada mais justo que o luto. 6 meses remoendo um sentimento, seja amor ou ódio ou, na grande maioria dos lutos amorosos, a mistura dos dois. Depois dos 6 meses, uma foda aqui, outra ali. E o sexo vai se aquecendo e voltando a ser comum. De 1 ou 2 fodas no mês para 3 numa semana. É o curso natural da existência. As coisas vem e vão e eu não estou nem um pouco preocupado com toda a sua beleza e suas sardas e seu piercing no nariz e seu cabelo no rosto. Estou vivo, é isso que importa.

domingo, 5 de junho de 2011

Adolescência

Lembrei que estava no primeiro ano do Ensino Médio e apaixonado por uma garota que estava no segundo ano, se não me engano se chamava Amanda. Mínima idéia por que lembrei dela. Se a visse ontem, não lembraria que já passei noites em claro pensando no seu cheiro de baunilha. Hoje em dia amo perfumes de baunilha, deve ser por causa dela. Pouco mais de 1,60m, pouco menor do que eu, seios fartos e um sorriso com covinhas. Ela estava sempre sorrindo e dizendo quão lindo era meu cabelo. Quantas mulheres já não falaram sobre o meu cabelo, me apaixonei pela grande maioria delas. Durante o recreio (palavra que eu retiro do baú da minha existência) eu e Amanda ficávamos abraçados, minhas mãos na cintura dela e as dela no meu cabelo. Como era simples a paixão infanto juvenil, eu queria abraçá-la e sentir os lábios dela no canto da minha boca na hora de dar oi. Se fosse hoje eu ficaria desgraçando a minha incapacidade de tomar alguma atitude. Ia chegar em casa e bater uma bela duma punheta, pensando "velho, preciso comer a Amanda..."

sábado, 4 de junho de 2011

Open bar

Eu e o cara que era meu melhor amigo estávamos completamente bêbados enquanto o Faustão falava na TV e um pagode chulo tocava nas caixas de som. Aquilo era novidade, estar bêbado antes das 22h, das 20 quando muito. Hoje só é novidade estar embriagado em funerais.
Foi a primeira vez que o cara vomitou. Coitado. E a primeira vez que olhou pra mim e, desesperado, disse: quero mijar! A fila do banheiro é imensa e ele mija dentro de uma garrafa de Kaiser de 600ml no meio da pista de dança. 600ml de urina. Ele sorriu pra mim e pôs a garrafa sobre uma mesa qualquer, eu ri.
Agora estava pensando que um idiota mamado, não se importando em beber cerveja quente, despejou aquele mijo aguado e alcoólico dentro do copo, deu um golão, fez careta e disse pro amigo: Nossa, que cerveja horrível! Dá um gole...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Parabéns

Era aniversário da Marisa. 21 aninhos de pura delícia. Marisa, quem se chama Marisa hoje em dia? Acho que não existem as lojas Marisa lá no interior e a mãe da Marisa achava um nome bonito. Marisa, que nome estranho. Marisa me lembra lingeries e aquele perfil rosa de uma mulher. Ana Paula seria um bom nome, me lembra Ana Paula Arósio e seus peitinhos naquela novela, Hilda Furacão, se me lembro bem. Ah, como era boa a infância com os olhos azuis da Ana Paula Arósio. Podia ser qualquer nome, menos Marisa. Quer dizer, antes Marisa que Maria Lurdes (sem querer sacanear as Marias Lurdes... muito menos as Marisas) ou qualquer outro nome estranho. Enfim, Marisa fazia 21 lindos anos. Era uma mulher interessantíssima, inteligente e uma das mais belas e gostosas da faculdade. Marisa tinha amigos, muitos, mas nenhuma amiga. No aniversário eramos em mais de dez negos, Rafa e Carlos discutindo sobre São Paulo e Corinthians, Gabriel prometendo pra mesa toda que ia comer a Mariana (nome simples, interessante, nada de mais, muito melhor que Marisa!), o ser mais boçal e mais belo de toda a faculdade, uma galera comentando sobre a prova da semana passada, outra galera sobre a da semana que vem, muita gente falando ao mesmo tempo. Por incrível que pareça, ninguém nunca sonhava em pegar a Marisa. Ela era toda bonita, delicada, gostosa, mas ela tinha algo que as outras mulheres não tinham: uma pica. Brincadeira, ela entendia os homens, coisa que nenhuma mulher é capaz. Isso fazia dela um homem. Um homem bonita, delicada, gostosa que todo mundo tinha interesse, mas nunca nem pensava em "tentar alguma coisa". Eu estava no telefone com a Amanda, minha namorada, no meio daquele falatório todo e aquela bagunça. Marisa levantou-se e, com as duas mãos no decote, gritou:
- Pessoal! Um presente de aniversário pra vocês: vou mostrar os peitos!
Instantâneamente fez-se o silêncio. "Já te ligo, amor" eu disse, desliguei o telefone. Todos olhavam para a Marisa, sem acreditar no que ela dizia, mas ao mesmo tempo sedentos pela verdade.
- Vocês são muito idiotas. Eu vou cortar o bolo. Vocês querem cantar o parabéns? Eu não faço questão.