teus olhos invisíveis se prendiam nos meus
teu cheiro inodoro me enuviava e sinopses primitivas me alimentavam um instinto vulgar
teus lábios imaginários deixavam os meus lábios dormentes e secos e salgados de vontade
tua voz que minha mente simulou ecoava aqui dentro como feitiço
o sorriso que você não deu pra mim brilhava com o olhar que não trocamos
e tua língua molhada e macia não rolava na minha boca entreaberta
e não fossem esses dois pontos no espaço que nos representam
distantes como estrelas que só se enxergam pela luz que viaja um universo frio
você morderia a minha boca com leveza e calor
eu preciso acordar e preso nesse sonho que eu já sei que é sonho
peço mais quinze minutos de você comigo
um você quente e saboroso e fictício
só mais quinze
e eu sei
é um sonho
e depois mais quinze e depois mais quinze e mais quantas vezes fossem necessárias pra eu me sentir satisfeito com o sabor do teu pescoço na ponta da minha língua
e durante todos esses intermitentes segundos acordados entre calar o barulho e adormecer de novo
eu sinto a falta do teu calor nos meus lençóis
só mais quinze minutos
e eu matando saudades
sem você saber
que eu matei