francamente fraco começa assim pelo rebosteio de uma perspectiva
singular e desanimadora parece pular em todo buraco pra chamar de
seu minha casa meu lar meu profundo eu já faz muito que as palavras
saíam e diziam o que eu tinha a dizer mas agora ficam engasgadas
entaladas engastadas gasto tudo trotejante pra me libertar de
qualquer ideia que não seja minha saudável coerente
inconclusivamente fraco de folias e fissuras fascínora desiste de si
todas as vezes que o sol deixou de sorrir como se sol tivesse boca e
toda boca fosse imã do meu próprio sorriso lábios flamejantes e
borboletas no estômago e excitação de primeiras vezes como se a
virgindade fosse sempre o caminho pra uma próxima e intensa aventura
francamente fraco desiludido porque a lâmpada queimou e a lua lá
fora faz sombras geladas como réptil sonho com fogo e me enrolo
no meu pequeno ego pequeno como palíndromos de três letras
ama e ama e ama como disco riscado e ama e ama e ama e
pouco há de sentimento exclusivo que exprima com eficiência essa
violenta e inabrupta situação odienta de rasgos impotentes querelas
sem justiça fortalezas rachadas pratos quebrados copos em vão livre
pulando precipícios fundamentados em prazeres passados e sonhos
apagados porque a lâmpada... ela queimou...
francamente. fraco. ensimesmado de fatores conscientes que me
transbordam e transformam em juíz de todos nós principalmente
meu como se justiça e sentença fizessem parte da mesma
programação irrisório e ilibado irrisível e libidinoso irracional e
literalmente fraco. francamente fraco. tempo e espaço caminhando
a minha frente sem esperar nem olhar pra trás e eu aqui como criança
abandonada poros molhados fé estarrecida juízo inconformado
incontente com patifarias e meu busto na praça pública cada vez mais
longe de ser real modelo de merda pode ser pelo menos serviu de
alguma coisa pode ser
fracamente franco no silêncio rotundo porque elas não voltam pra
mim se foram como décadas de domingos esquecidos e segundas
assustadas e terças impossíveis e quartas insuportáveis e quintas de
esperança e sextas de decepção e sábados de desespero ou vai me
dizer que os dias que passaram já foram mais bonitos com astros e
deuses e fés incompreendidas por ignorâncias mais baratas que tudo
que viria a porvir
ouve o que eu tenho a dizer que são palavras de pura sabedoria
porque meu saber é pleno e plano como pastos secos e rachados de
solidão superestimada e isso tudo me faz tão poderoso quanto uma
caixa de fósforos quase vazia me ouve e escuta eu queimar