e de novo e de novo e de novo
eu tinha me perdido de novo
me perdido em desesperança
e de novo tinha me perdido
a tristeza e o pânico de mãos dadas
assumindo que a fome que eu sinto
é a fome que eu mereço
meu estômago se come
porque é de mim que se alimenta
na desesperança de um dia acabar por dentro
gota ácida por gota ácida que corrói e corrói
e de novo e de novo e de novo
eu me perdi de novo nas minhas ruas escuras
e solitárias e solidário me sinto porque eu
me perdi de novo e de novo essa fome
e essa tristeza
e esse pânico de pura desesperança
eu derreto
por dentro eu derreto
de novo
eu derreto
eu repito
sempre volto
porque é sempre o meu lugar
um lugar que é só meu
eu derreto
de novo eu derreto
de novo eu repito
e não sei o que será do amanhã
porque faz tempo que o tempo dá sinais
que não tá certo e que vai dar errado
o que será do amanhã
queria que não houvesse
de novo
eu repito
eu não queria
eu derreto
sem querer
me alimento de mim
e como canibal
me torno mais eu