terça-feira, 18 de março de 2025

Mais uma terça cinzenta de mais um ano anormal como todos os outros que já se passaram

o tempo me dói
as ancas e os ombros
os dedos e os punhos

o tempo me dói
o passado e o futuro
o presente sobretudo

o tempo me dói
a fluidez de si
enquanto eu duro

não sei por quanto
tempo duro

queria amolecer
e fluir com o
tempo

mas duro
e parado
me sinto
relíquia
abandonada

e relíquia aqui
quer dizer
o brinquedo
de uma criança
que viveu
há mil anos
atrás

duro
inútil
quebrado
velho

relíquia
sem valor
só com tempo
e o tempo
me destruindo

o tempo me dói
me ataca
me ofende

passa e me ultrapassa
enquanto escrevo essa
poesia e penso
que o perco

e ele vaza como
areia na ampulheta
como água nas mãos
ou água na pedra?

água
que machuca
gota
a gota

o tempo fluido
e eu duro
até quando?

até quando
durar é prioridade?

não é sobre vida
não é sobrevida

não é sobre duração
não é sobre validade

é sobre durar

stand up
stand still
chin up
vibes thrilled

duro como posso
e posso pouco
duro pouco
pouco duro

soft kid
soft fit
softy soft
kitty kit

splash out
spin out
craze up
mount up

flash out
flash back
flip out

raise your tax
pay your bills
mind your trails

dure o que durar
duro como pedra
frágil como duro
quebra em lasca

foi assim
que o tempo veio
e escreveu isso

com dor
e sem amor,
seu querido
eu