A
fé vaza das mãos como cartas de amor que nunca foram escritas
Explicando
que mais uma vez a gravidade impera
Imperatriz
de tudo, obriga as revoluções do próprio planeta
E
logo estamos girando em confusa mutabilidade incessante e monótona
O
mais do mesmo. Sempre o mais do mesmo.
Mas
o mesmo é cada vez mais intenso ou mais pior
Porque
sempre pode ficar mais pior
E
logo o termo se justifica
A
fé vaza e logo temos o mais pior nas mãos
E o
mais pior vaza também como todo o resto
Se
vaza sólido ou líquido não importa
O que
importa é que sempre vaza
E
se é grande o suficiente pra não vazar
Vazo
eu e o mundo muda em revolução
Como
se os próprios músculos se tornassem gelatinosos
E
as fibras se dissolvem nelas mesmas
Então
o que quer que esteja nas mãos já não importa
Se leve
ou pesado
Líquido
ou sólido
Quem
vazo sou eu
Por
dentro
Por
inteiro
De
cima
A
baixo
Paciência,
esperança e fé se confundem em uma só
Porque
nada é certo e confiamos que nada é certo
E
confiamos em ilusões sadias que nos fazem suportar o insuportável
Garantia
absoluta de resignação diária
Todo
dia submisso e misturando respeito e aceitação e estima e amor
Enfrentando
possibilidades e probabilidades para encontrar algo certo
Num
mundo lotado de pessoas que possuem certezas maiores que a própria inteligência