Pratos do dia
A invenção da humanidade
A devoção pela ignorância
Asfalto com tinta e terra e buracos e marcas de pneus
Um pensamento etéreo e vazio como a existência
A esperança de amanhã havermos um prato melhor
O golpe
E a fome
Se esbanjar em frieza enquanto a pimenta abre os poros que vazam e se tornam um com toda a umidade desse ar quente
A fusão da pele com a atmosfera e toda a natureza dissolvida nela mesma
Pairando sobre o vento de ares quentes
Lavar os pratos
Antes que os olhos explodam maiores que a barriga
E o estômago exploda em excesso de carga
A água fria acalma a alma
A esponja que desliza em movimentos circulares me mostra o caminho de ser
A espuma vai e eu
Também
Abandona a cozinha
A memória
E fica com esse desconforto sem motivo
Borbulhando arrotos e julgando que o mundo não está bem