a poesia pulsa em mim como cânticos
em tons orientais
as vozes dançando como
cobras hipnotizadas
sem uma palavra
uma nota
atrás da outra
que por si só
já são o verso
não consigo escrevê-la
as notas que em português
nada significam
apenas com melodia
significam quase tudo
e é assim que quero escrever
com quase tudo
como quem domina com
precisão a arte
da língua
dentro da minha cabeça
a poesia pulsa
não consigo escrevê-la
ela me vem em notas
e significa
quase tudo
certo de que sei coisas demais
e que só esse saber fosse mais
que o suficiente para ser
e estar
e escrever
e emocionar
e entrar tão profundamente
no coração dos leitores
que eles mesmos se sentiriam
escritores
com a poesia pulsando
dentro das próprias cabeças
dizendo quase tudo
que eu sei
segunda-feira, 27 de março de 2017
terça-feira, 21 de março de 2017
O haikai de uma nota só
é dia mundial da poesia
vejo minha vida
e todo o universo
interno e externo
a mim
como versos
ilegíveis
enxergo de longe os versos
formando estrofes
amorfas
como linhas de códigos
que definem
o que a vida
é
tudo isso descendo
em velocidade
como um computador
que instala alguma coisa
e traços mutantes
tomam espaço da linha
anterior
aumentando a poesia
num papiro virtual
que não possui começo
nem fim
só
enter
e letras
e enter
e letras
numa tela ora branca
ora preta
e as letras
ora pretas
ora brancas
enter e letras
e essa mudança de cores
pulsando positivo
e negativo
enquanto eu não leio
uma palavra
sequer
isso me incomoda
a poesia segue
como uma cachoeira invertida
que sei que lá
estão os segredos
e significados
que já dei
à existência
e sabendo o que lá está escrito
saberia de tudo que sei
com consciência
segurando um fio de esperança
como o fio que segura
um balão de hélio
tendo a certeza que uma hora
o balão vai respeitar
tudo o que deve ser respeitado
e vai subir também
a poesia segue
todos os dias
e no dia mundial
a vida segue
misturando vícios e novidades
como versos que se contradizem
todos os dias iguais e diferentes
e todos eles dias mundias de poesia
os eventos todos nesse planeta em crise
dissolvendo em literatura
como se ao próximo segundo
não merecesse o julgamento
de merecer ser ou não ser escrito
mas da inevitabilidade dele
tornar-se história
verso estrofe e poesia
vejo minha vida
e todo o universo
interno e externo
a mim
como versos
ilegíveis
enxergo de longe os versos
formando estrofes
amorfas
como linhas de códigos
que definem
o que a vida
é
tudo isso descendo
em velocidade
como um computador
que instala alguma coisa
e traços mutantes
tomam espaço da linha
anterior
aumentando a poesia
num papiro virtual
que não possui começo
nem fim
só
enter
e letras
e enter
e letras
numa tela ora branca
ora preta
e as letras
ora pretas
ora brancas
enter e letras
e essa mudança de cores
pulsando positivo
e negativo
enquanto eu não leio
uma palavra
sequer
isso me incomoda
a poesia segue
como uma cachoeira invertida
que sei que lá
estão os segredos
e significados
que já dei
à existência
e sabendo o que lá está escrito
saberia de tudo que sei
com consciência
segurando um fio de esperança
como o fio que segura
um balão de hélio
tendo a certeza que uma hora
o balão vai respeitar
tudo o que deve ser respeitado
e vai subir também
a poesia segue
todos os dias
e no dia mundial
a vida segue
misturando vícios e novidades
como versos que se contradizem
todos os dias iguais e diferentes
e todos eles dias mundias de poesia
os eventos todos nesse planeta em crise
dissolvendo em literatura
como se ao próximo segundo
não merecesse o julgamento
de merecer ser ou não ser escrito
mas da inevitabilidade dele
tornar-se história
verso estrofe e poesia
quarta-feira, 15 de março de 2017
Louco motivo
as possibilidades me irritam
é como se eu estivesse esperando mudanças
desde a primeira vez que bati no peito e disse
quero ser foda
o mundo é uma caixinha de surpresas
ao passo que muito depende-se da sorte
e de maturidade e esforço e habilidade
e as coisas são monótonas há muito tempo
o tempo todo trens vindo em minha direção
e me estraçalhando ocasião atrás de ocasião
como se meus pés fossem imãs
e eu não pudesse sair desses trilhos
que só me levam
cansei de apontar pro destino dizendo
eu quero
como uma criança que escolhe um presente
os atropelamentos recorrentes me mostram que nada é fruto do esforço
embora eu ainda me apegue a estes termos
porque a sociedade assim pede
e senão eu deixaria de me esforçar
e esperaria que as correntes de vento
me levassem para o melhor futuro possível
as possibilidades se abrem nos meus olhos
eu gosto delas e ocasionalmente me pego apegado
apaixonado por uma ideia hipotética que está longe do meu trilho
sou atropelado
mas as possibilidades existem
e eu atropelo algumas delas
e agradeço a sorte
e o acaso
como se nenhum dos quilômetros ultrapassados
contassem em nenhum momento
como se o caminho não fosse a causa do presente
as possibilidades me irritam
as estudo como um matemático
e depois como um psicólogo
e só então um arquiteto
e logo um cozinheiro
e um doente
e por fim morador
de rua
as possibilidades não dependem desses estudos
mas de outras possibilidades que dependeram de possibilidades mais antigas
e minha análise profunda nada mais é que justificar a mim mesmo minhas próprias escolhas
possivelmente
nada disso
faz sentido
sigo no trilho
parado
e andando
na maior monotonia
que um atropelamento
pode ter
é como se eu estivesse esperando mudanças
desde a primeira vez que bati no peito e disse
quero ser foda
o mundo é uma caixinha de surpresas
ao passo que muito depende-se da sorte
e de maturidade e esforço e habilidade
e as coisas são monótonas há muito tempo
o tempo todo trens vindo em minha direção
e me estraçalhando ocasião atrás de ocasião
como se meus pés fossem imãs
e eu não pudesse sair desses trilhos
que só me levam
cansei de apontar pro destino dizendo
eu quero
como uma criança que escolhe um presente
os atropelamentos recorrentes me mostram que nada é fruto do esforço
embora eu ainda me apegue a estes termos
porque a sociedade assim pede
e senão eu deixaria de me esforçar
e esperaria que as correntes de vento
me levassem para o melhor futuro possível
as possibilidades se abrem nos meus olhos
eu gosto delas e ocasionalmente me pego apegado
apaixonado por uma ideia hipotética que está longe do meu trilho
sou atropelado
mas as possibilidades existem
e eu atropelo algumas delas
e agradeço a sorte
e o acaso
como se nenhum dos quilômetros ultrapassados
contassem em nenhum momento
como se o caminho não fosse a causa do presente
as possibilidades me irritam
as estudo como um matemático
e depois como um psicólogo
e só então um arquiteto
e logo um cozinheiro
e um doente
e por fim morador
de rua
as possibilidades não dependem desses estudos
mas de outras possibilidades que dependeram de possibilidades mais antigas
e minha análise profunda nada mais é que justificar a mim mesmo minhas próprias escolhas
possivelmente
nada disso
faz sentido
sigo no trilho
parado
e andando
na maior monotonia
que um atropelamento
pode ter
sábado, 4 de março de 2017
O restaurante
Pratos do dia
A invenção da humanidade
A devoção pela ignorância
Asfalto com tinta e terra e buracos e marcas de pneus
Um pensamento etéreo e vazio como a existência
A esperança de amanhã havermos um prato melhor
O golpe
E a fome
Se esbanjar em frieza enquanto a pimenta abre os poros que vazam e se tornam um com toda a umidade desse ar quente
A fusão da pele com a atmosfera e toda a natureza dissolvida nela mesma
Pairando sobre o vento de ares quentes
Lavar os pratos
Antes que os olhos explodam maiores que a barriga
E o estômago exploda em excesso de carga
A água fria acalma a alma
A esponja que desliza em movimentos circulares me mostra o caminho de ser
A espuma vai e eu
Também
Abandona a cozinha
A memória
E fica com esse desconforto sem motivo
Borbulhando arrotos e julgando que o mundo não está bem
A invenção da humanidade
A devoção pela ignorância
Asfalto com tinta e terra e buracos e marcas de pneus
Um pensamento etéreo e vazio como a existência
A esperança de amanhã havermos um prato melhor
O golpe
E a fome
Se esbanjar em frieza enquanto a pimenta abre os poros que vazam e se tornam um com toda a umidade desse ar quente
A fusão da pele com a atmosfera e toda a natureza dissolvida nela mesma
Pairando sobre o vento de ares quentes
Lavar os pratos
Antes que os olhos explodam maiores que a barriga
E o estômago exploda em excesso de carga
A água fria acalma a alma
A esponja que desliza em movimentos circulares me mostra o caminho de ser
A espuma vai e eu
Também
Abandona a cozinha
A memória
E fica com esse desconforto sem motivo
Borbulhando arrotos e julgando que o mundo não está bem
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