eu louco por exposição
me expondo louco
como quem não tem vergonha de segurar cartazes
normalmente eu tenho
guardo minhas ideias em arquivos salvos de poesia secreta
em pedaços escuros do cérebro que só eu sei chegar
em suspiros que vão embora pra sempre carregados por todas as moléculas do ar
racionalmente não tenho escolhas preferidas
razoavelmente convivo com o que me convém
como quem não tem vergonha de abrir o peito em intimidade exagerada
eu abro
e sangra
e uso esse sangue como artifício
do meu grande espetáculo
é sempre um espetáculo sincero
mas normalmente eu me fecho
me irrito comigo sendo discreto
mas sou
ou procuro ser
com o maior dos cuidados
andando com as pontas dos pés
fantasiado de capa de invisibilidade
sem respirar um pouco sequer
atravessando um mar de gentes sem ser tocado
ou sentido
ou observado
e por espontaneidade
subo no palco
eu sempre subo
e de lá eu grito verdades
e arranco sorrisos
mostro tudo
sem dó de ser
aplausos
as cortinas sempre se demoram pra fechar
e o espetáculo não tem mais fim
pois quando fecham
eu fecho também
e eu me sinto bem
com o que fiz
e com o que sou
o fim nunca acaba
segunda-feira, 26 de junho de 2017
quinta-feira, 22 de junho de 2017
Paz interior
existe uma sensação que a pouco era nova
mas que hoje é meu jeito de sobreviver
o desespero de sempre
mas o controle de si
um desespero controlado
eu sinto esse desespero nas minhas olheiras
que mais parecem uma sombra de olho invertida
um tom de roxo que puxa minhas pálpebras para baixo
mais a esquerda que a direita
o desespero calmo
como um dia que não para de chover uma chuva fina
aquela que não cai e nem molha
mas que levita no ar como poeira contra a luz
o dia que nada acontece
nem bom
nem ruim
mas um tédio supremo que irrita e incomoda
e um receio de má sorte
a sensação de estar a um passo de uma tragédia
com a consciência de que tal tragédia não acontecerá
olho bem em volta e procuro a tragédia
e o mundo claro e cinza vive em monotonia dinâmica
um eterno vai e vem de corações e mentes
que nos faz continuar onde estamos
eu começo a urgir pela tragédia
me convenço de novo
que ela não passa de
fantasia
fantasiado de humano
sou a tragédia
meu desespero não diminui
não some
não é esquecido
mas eu fico calmo
desesperadamente calmo
consciente e desesperadamente calmo
que bom se a vida continuasse
e fosse simples assim
mas que hoje é meu jeito de sobreviver
o desespero de sempre
mas o controle de si
um desespero controlado
eu sinto esse desespero nas minhas olheiras
que mais parecem uma sombra de olho invertida
um tom de roxo que puxa minhas pálpebras para baixo
mais a esquerda que a direita
o desespero calmo
como um dia que não para de chover uma chuva fina
aquela que não cai e nem molha
mas que levita no ar como poeira contra a luz
o dia que nada acontece
nem bom
nem ruim
mas um tédio supremo que irrita e incomoda
e um receio de má sorte
a sensação de estar a um passo de uma tragédia
com a consciência de que tal tragédia não acontecerá
olho bem em volta e procuro a tragédia
e o mundo claro e cinza vive em monotonia dinâmica
um eterno vai e vem de corações e mentes
que nos faz continuar onde estamos
eu começo a urgir pela tragédia
me convenço de novo
que ela não passa de
fantasia
fantasiado de humano
sou a tragédia
meu desespero não diminui
não some
não é esquecido
mas eu fico calmo
desesperadamente calmo
consciente e desesperadamente calmo
que bom se a vida continuasse
e fosse simples assim
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