sábado, 18 de janeiro de 2025

(Sem título)

cursor de texto
esse é o nome dessa barra vertical
que pisca e pisca e pisca
esperando que o próximo caractere venha

ele pisca
esperando

que logo essa poesia
se torne algo senão ideia

eu não tenho ideia
do que essa poesia
pode ser
senão caracteres

ele pisca
esperando

não sei ainda se
me sinto o cursor
ou se minha vida
é o cursor

mas algo pisca
intermitente
esperando vazio
respirando vazio

algo pisca
esperando

que essa poesia
seja uma ideia

que as ideias
sejam ações

que as ações
sejam assertivas

erro mais do que queria
e meu passado é um
turbilhão de arrependimentos
que me levam a isso:

o cursor piscando
como pisca-pisca no Natal
eu que nunca gostei do Natal

preso entre o que foi
e o que será
não estático
mas piscando

como olhos indignados
que abrem e fecham
descrédulos da realidade

ele pisca
esperando

só não sei
o quê