sexta-feira, 22 de julho de 2011
O suicida
De vez em quando eu tenho essa coisa meio mórbida. Eu sinto um desprezo pela vida e, pasmem, penso que preferia a morte a ter que acordar, a dirigir, a sorrir, a sobreviver. Você ficaria surpreso no imenso número de vezes que fechei os olhos por alguns segundos, esperando que não fosse abrir de novo, mas eu sempre abro e sempre estou vivo. As pessoas têm que dar mais valor à vida, eu penso de quando em quando, mas a realidade é que eu mesmo sinto que a vida e a morte não diferem quanto à importância e à relevância. Eu sou mórbido, de vez em quando, e quase sempre sou suicida. Mas em vez de me matar, eu passo o dia de cara fechada, esperando que um carro me atropele, que eu engasgue com a comida, que eu sofra um ataque de coração fulminante. Eu nunca morro. O que há de especial na vida, se 6 bilhões de pessoas acordam todos os dias? Não me parece um previlégio. Eu não morro e vou dormir relativamente cedo, pois não suporto nenhum tipo de convivência ou entretenimento. Até que eu acordo e é um novo dia e eu estou pronto para respirar de novo. Eu gosto de estar vivo.