estávamos jogando sinuca.
eu e ele, ela assistindo.
e nós nos odiávamos,
só naquele momento,
pois eu gostava dele, um bom sujeito.
era questão de mérito,
eu precisava vencer.
ele precisava vencer.
e o vencedor, tinha a dama.
mas a dama não sabia disso.
era um triângulo amoroso.
eu, ela, ele.
uma porra dum triângulo zoado.
ele curtia ela, ela não estava nem aí
e eu sentia uma porra duma paixão inconsistente.
e ele era bem melhor.
botou a bola 9 para fora.
sobrou a 8, botou na boca da caçapa.
eu ainda tinha a 4, perdida.
atirei o taco, o meu caralho para o mundo.
e nessas horas a gente percebe
que nada é justo
e tudo é uma competição.
todos estamos pendurados nessa obviedade,
a competição.
a bola branca bateu na 4
que bateu na parede.
a branca bateu na parede, na outra.
a 4 foi bem devagar e pá, na caçapa.
a branca, bem devagar, pá na 8.
eu ganhei,
sorri.
mas não ganhei porra nenhuma.
e eu tava bem,
bêbado.