segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Jogo de azar

estávamos jogando sinuca.
eu e ele, ela assistindo.
e nós nos odiávamos,
só naquele momento,
pois eu gostava dele, um bom sujeito.

era questão de mérito,
eu precisava vencer.
ele precisava vencer.
e o vencedor, tinha a dama.
mas a dama não sabia disso.

era um triângulo amoroso.
eu, ela, ele.
uma porra dum triângulo zoado.
ele curtia ela, ela não estava nem aí
e eu sentia uma porra duma paixão inconsistente.

e ele era bem melhor.
botou a bola 9 para fora.
sobrou a 8, botou na boca da caçapa.
eu ainda tinha a 4, perdida.
atirei o taco, o meu caralho para o mundo.

e nessas horas a gente percebe
que nada é justo
e tudo é uma competição.
todos estamos pendurados nessa obviedade,
a competição.

a bola branca bateu na 4
que bateu na parede.
a branca bateu na parede, na outra.
a 4 foi bem devagar e pá, na caçapa.
a branca, bem devagar, pá na 8.

eu ganhei,
sorri.
mas não ganhei porra nenhuma.
e eu tava bem,
bêbado.