Estavam os três sentados numa mesa perto da piscina. Eram pai, filho e tio.
- Pai, o que é amor? - Perguntou o garoto.
- Hm, como posso te explicar? - Respondeu sorridente para o filho. - Por que quer saber, filho?
- A professora falou sobre amor na aula.
- Isso não é coisa que se ensinem para crianças. - O pai falou para o tio com certo ar de indignação.
- O que você queria que ensinassem? - O tio riu.
- Sei lá. A ler e escrever!
- Pai... O que é amor? - O garoto interveio.
- Bom... Amor é quando uma pessoa decide que a vida não faz sentido. A pessoa que ama perde a noção de vida... - Ficou em silêncio, perdido em sua reflexão.
- Porra, quem diria que teu pai era poeta, hein? - O tio riu, levantou a garrafa de cerveja propondo um brinde.
- Calma. Quieto! Então, filho. Quando uma pessoa ama, perde a noção de vida. A pessoa que está sendo amada, resolve que a pessoa que ama, não merece viver. Então, a pessoa amada resolve matar quem ama.
- Não entendi, pai.
- O amor é um tiro no peito. É a maior dor que um homem pode sentir. É morrer enquanto vive. É respirar o inferno. É se alimentar de ódio. O amor é um tiro no peito. - O pai olhava para a garrafa de cerveja. O tio sentia uma mistura de espanto, medo e desapontamento.
- Não é bem assim, garoto. - O tio deu um sorriso amarelo, tentando disfarçar o momento embaraçoso.
- Pai?
- Quê?
- Eu nunca quero amar.
- Ei, guri. Já falei... Não é bem assim... O amor é bonito! - Disse o tio.
- Não ame, filho... Não ame...