segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Loucura e obsessão
Eu precisava aturar a obsessão dela. Era uma promessa que fiz a mim mesmo. Ela gritava. "Thomas! Thomas! Vem ver a porra do teu filho, seu filho da puta! AAAH, esse moleque tá me enlouquecendo" E lá ia eu, cuidar do garoto. "Filhote, não fica zangado pela tua mãe. Não é culpa dela, tá? Ela te ama, ela me ama. Eu sei disso" Ele não tinha mais que 1 ano. Vivia aos prantos enquanto a bomba relógio andava pela casa coçando o nariz. Ela coçava-o compulsivamente, sentada no canto do sofá, na sala escura. "Você tá me olhando? Por que você fica me olhando, Thomas?" Eu saia da sala e ia pra sacada. "THOMAS! Você não ouviu eu falando com você?" Eu abraçava ela, bem forte, com medo que ela me arranhasse. Meu rosto sempre estava arranhado. Os arranhões não me machucavam, mas eu tinha medo de ficar cego. "Amanda, meu amor, eu te amo. Vamos deitar? Eu te amo." Ela estava magra e perdendo o cabelo, seus olhos pareciam os de um velho com catarata. "Se eu deitar, o teu filho vai começar a berrar. Ele faz isso pra me sacanear." E ela caia em prantos, a sua voz mudava e ela voltava a ser a Amanda que eu sempre amei "Tho, eu não aguento mais isso! Eu quero morrer! Por favor, me mata, antes que eu mate nosso bebê." Ela sempre fazia isso quando voltava a realidade. "Manda, eu não consigo..." Eu chorava. "Por favor, Tho! Por favor!" E ela me arranhava e o bebê chorava. "ELE TÁ CHORANDO DE NOVO!" Era sempre assim. Até que um dia, acabou. Graças a Deus.