segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Allegro con brio
Eu nunca fui fã de música clássica. Sempre tive curiosidade, mas nunca me pus a buscar isso. Acho que é uma coisa melodramática demais, teatral demais. Não existe ninguém que, naturalmente, ouça música clássica. Pelo menos era assim que eu pensava, até que, em meio ao meu tédio infinito, sintonizei na rádio que só toca música orquestrada. E foi a primeira vez que eu entendi o motivo das coisas, como funcionam as modas e seus ritmos. A música clássica é feita por e para os sofredores natos. Estou falando dos fodidos. Depois de semanas só tomando no cu e nadando na merda, deixei Beethoven suprir minhas necessidades de algo que me fizesse mais completo. Um sofredor nato. Acho que todos têm o direito de sofrer, mas que encontrem o agradável e reconfortante sentimento de ser feliz em sofrer. Finalmente completo, cheio de dores e esperanças e música clássica. Finalmente sorrindo, depois de litros de cerveja e quilos de maconha. Finalmente sozinho, como eu sempre quis.