Ela era um sorriso largo, ela era um cabelo negro e cacheado que caia-lhe bem no rosto. Ela era magra de pernas finas. Mas ainda sim tinha uma bunda linda e seios devéras grandes, bastante proporcionais ao seu corpo magro, ainda que alto. Ela era inteligente, como as pessoas deixaram de ser há muito tempo. Ela era simpática com todo mundo, o que não me chateava, mesmo eu odiando ser simpático. Ela conseguia ser feliz, mesmo com as greves na Europa, os conflitos no Oriente Médio e os desastres naturais na Indonésia. Ela conseguia ser feliz mesmo sabendo que um dia ela ia sofrer de novo. E eu estava apaixonado de novo. Pela terceira ou quarta vez na vida, de um jeito que eu prometi a mim mesmo que jamais iria me apaixonar. O amor é foda, é uma faísca que finge esquentar os nossos corpos congelados. Uma faísca que se apaga ao primeiro sinal de fraqueza. O primeiro beijo, a primeira foda têm algo de dramático. As pessoas são interessantes à primeira vista. Depois, lenta, mas seguramente, todos os seus defeitos e loucuras se manifestam. E eu era um louco que me contentei com as loucuras das pessoas. E ela não era louca. Era linda. Mais linda que todas as mulheres que eu já tinha visto na tv. Mais linda que todas as mulheres que já tinham me dito não. A mais linda de todas.
- Manda.
- Quê, Tho?
- Casa comigo?
- Hahahaha.
- O que?
- Você é ridículo, Thomas.
- É sério, casa comigo.
- Thomas. É só sexo. Tá? Só sexo e você sabe disso.
- Mas eu te amo.
- Tá, então você está na merda.
- Vai ver estou.
Pela terceira ou quarta vez apaixonado. E desta vez ela não era louca. Muito pelo contrário. Era a mais sã das mulheres. A mais sã e mais bela. Casamento, amor, essas merdas todas, só existem para nos chatear. E ela sabia muito bem disso.