As pequenas coisas estão acabando comigo. Pequenas como pontos, compridas como fios de cabelo, agulhas me furando. Eu tenho fobia de agulhas. Pequenas coisas me furando como agulhas. E eu, me sentindo um nada, fico esperando que o verão chegue logo e que eu possa vomitar tudo isso e apertar a descarga para nunca mais ver meus problemas de novo. Problemas, nós somos movidos a problemas. Será que um porre adianta? Ou será que eu já estou ciente demais, a ponto de saber que um porre não vai me livrar de nenhum problema?
Eu amei por três anos. Três anos em que eu fui nada pra ninguém, exceto um bêbado inconveniente, o cara que faz a merda pelo gosto bom que errar tem. Acho que isso explica muita coisa. Amar é como morrer, só que vivo. Se o amor é dos bons amores, é o paraíso. Se não o é, é um inferno. E eu vivi muito do inferno, sendo sugado por um amor incoerente e incompreensivo. E agora me amam. Ela vive um inferno, mesmo achando que o amor que ela sente por mim é coerente e compreensivo, claro que não é. Eu costumava viver sozinho, enquanto esses malditos três anos se passaram. E eu queria continuar sendo sozinho, pois eu aprendi uma coisa muito simples com o amor: mate ou morra, antes que seja tarde demais.
Eu não sei mais escrever. Não sei mais dormir. Eu sei me esconder atrás de máscaras, quase sempre máscaras sorridentes e engraçadas. Enquanto eu estou na maior merda, ou na merda de sempre. Talvez, se me permitisse o leitor, eu cometeria um suicídio, antes que me furem mais uma vez.