segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Som da solidão

O motor do ônibus.
Está frio e as luzes do veículo já estão apagadas.
O cobrador está tentando dormir.
O motorista guia, seguindo um fluxo de circulação.
Sempre pelo mesmo caminho alaranjado iluminado pelos postes de luz.
O ônibus como uma partícula amarela na corrente sanguínea da cidade.
Ninguém sabe que você está ali.
E ninguém sabe o que você está fazendo.
E ninguém sabe o que você está pensando.
Talvez você não exista mais.
Possivelmente engolido pela escuridão.
O motor do ônibus vibrando seus tímpanos e sua caixa toráxica.
De vez em quando o freio apita agudo, bem distante.
E só se ouve o motor
Enquanto o ônibus
Te leva
Pra algum
Lugar.

sábado, 15 de outubro de 2011

Chuva

eu simplesmente odeio chuva
o céu escuro
e todas as calçadas e ruas molhadas
com toda aquela água pronta para molhar suas calças e seus tênis e suas meias
a gente fica com preguiça de sair
e parece que tudo é melancólico

chuva realmente me deprime
e ainda há quem diga que a chuva lava a alma
chuva me suja a alma
me suja as roupas
me suja o ânimo

a alma, eu lavo com boas ações
com boas conversas
com bons sorrisos
a alma não é difícil lavar
nem é difícil sujar
basta um olhar torto
ou um elogio
ou a chuva
ou o Sol

basta um nada
e a alma
está bem

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Palhaço

eu penso como são lindo os olhos dela
mas não lhe digo nada
pois eu prefiro rir da minha cara de palhaço
ou rir das caras de palhaço das pessoas
eu prefiro rir
ela ri comigo
mas eu queria lhe dizer dos olhos

e de repente
eu estou tão próximo
e enquanto nós riamos dos palhaços
ela fecha os olhos
eu consigo sentir seus lábios macios

nunca falei
dos olhos

belos olhos