quarta-feira, 27 de abril de 2011

Garrafa de vinho

mais poesia e mais poesia
e mais poesia.
minha cabeça cheia de vinho tinto
gelado e barato.
não sei como as pessoas suportam
vinhos quentes e caros.
vou de carona com o meu gosto pobretão:
vinho gelado e barato.
amanhã minha cabeça vai explodir,
mas hoje eu estou bem.
pois a garrafa de vinho
me faz bem mais feliz.
mais e mais poesia.
e um beijo no canto do lábio.
o canto direito,
o meu direito,
o teu errado,
o teu conceito de arrependimento,
e a minha solidão inconveniente.
mais poesia, mais e mais.
mas o vinho
acabou.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Lamentando de novo

Me espreguicei: os braços pra cima, inclina pra esquerda, depois direita. Se arruma na cadeira, que trocou, agora está usando uma cadeira da mesa da sala de jantar. Peidando muito, sabe Deus por que.
Enfim, espreguiçei-me. Arrumado. Pronto pra escrever. Abre o blog, deixa a música entrar na cabeça, até que a cabeça exploda, eu penso. Mas a cabeça não explode. Graças a Deus.
Deixa pra lá, tenho outras coisas pra fazer. Escrever não me é urgente. Respirar é urgente. Escrever é só mais uma forma de lamento, à la Bukowski. E eu me lamento tão bem, de outros jeitos.

domingo, 24 de abril de 2011

Orgasmo

de sutien vermelho
sem sutien
os seios nas minhas mãos
lábios abrindo e fechando
os meus e os dela
ela suspira
eu sorrio
de calcinha de algodão
molhada
e meus dedos
se movendo
rapida
e intensamente
ela suspira de novo
e me diz:
Eu te amo.

Tristeza

Era aniversário da Amanda. Família, amigos e eu, sozinho, como sempre. Ela, uma vez, me amou. Eu ainda a amava, ou ainda amo, sei lá. E lá estava eu, tentando conversar com ela, pelo menos conversar. É óbvio que eu queria um amor eterno, mas um sorriso me bastava. Em tempos de crise, um sorriso significa muito. E ela sorriu, mas não para mim. Aliás, ela nem sabia que eu estava lá. Eu era invisível e ela tinha amigos e familiares e presentes e uma felicidade extrema. Extremamente angustiante. Que vida. Para aparecer, resolvi me embriagar. As vezes a bebida é realmente conveniente, as vezes nem tanto. Pois fiquei completamente acabado, louco. Cai no chão, me sujei, se não me engano, vomitei, mas nem sinal da Amanda. Então entrei na casa dela e deitei na cama do quarto de visitas. Lá eu estava protegido, eu e minha solidão, ninguém mais. Cai no sono e só acordei quando Amanda me disse: Tho, vai tomar banho. Numa voz estranhamente quente e aconchegante. Olhei para ela e ela sorria para mim, vestia um vestido azul e seus cabelos castanho-escuro caiam lindamente sobre os ombros, os lábios carnudos entreabertos mostrando os dentes branquíssimos. Eu falei: Prá quê? E me virei de costas para ela. Ela deu a volta na cama e ficou bem perto de mim. Ela respondeu: Prá isso. Abri os olhos e ela estava com o vestido levemente levantado, mostrando um pedaço das suas vergonhas nuas, lindamente nuas. Eu levantei correndo, tentei entrar no banheiro, mas alguém estava usando-o. Olhei para ela desesperadamente, ela sorria, calma: Vai no quarto do meu pai. E eu entrei correndo, sem dizer nada. Ela também entrou no quarto, trancou a porta enquanto a água já corria no box. Beijei-a, apertando as nádegas nuas dela, ela tirou minha camiseta e acariciava meu cabelo curto. Vai tomar banho, Tho! Ela falava rindo. Tirei a roupa para entrar no banho, mas antes tentei comê-la. Ela ria gostosamente, dizendo: Só depois de você tomar banho, Thomas! Eu respondi: Vem pro banho comigo. E de mãos dadas, fomos. Eu de pau duro, ela sem calcinha, debaixo dum belo e comportado vestido azul, no quarto do pai dela. Mãos e bocas e sexo e putaria. Eu não me entendo, sofro a vida toda por causa do amor não correspondido, daí ela quer me dar e eu quero comê-la. Não me passou pela cabeça amá-la, deitados na cama, nus, de conchinha, sem sexo, só amor e carinho e a certeza de que era a última vez que ela ia me amar. Mas não, fizemos um sexo violento, com gemidos altos e suspiros e beijos ardidos, mordidas nos lábios e no bico dos seios e no pescoço. Eu gozei dentro dela e me encostei na parede gelada do box, eu fervia. Ela pôs as duas mãos na minha cintura, suspirou longamente, sorriu para mim e disse: Eu esperava que a última vez que transássemos fosse triste. Eu respondi: É que essa não foi a última. Eu sorri, ela encostou a cabeça no meu peito e disse: Foi sim, Tho... Pensando bem, acho que estou triste...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Banho quente

se há algo que eu realmente amo
é tomar banho.
longas horas de banho quente.

amo ainda mais, bater punheta.
longas ejaculações
e pensamentos quentes.

melhor ainda é tomar banho
e bater punheta.
isso é amor.

melhor que tudo isso,
é transar.
sexo é uma magia.

e o que mais amo
de todos os meus amores
é transar no banho.




... mas que bosta de poesia...

Indiferente

Se te amo, ou não amo, é indiferente. Ao teu lado, meu coração anda em paz. Longe, a paz é maior ainda. Se te amo, ou não amo, é indiferente. Já que o sentimento não vai mudar. Você vai continuar a amar o teu amor e eu vou continuar sendo o solitário. Pra mim, é indiferente.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O anjo e a cigana

Haviam dois anjos brigando na rua. A multidão estava preocupada, pois nunca tinham visto anjos, nem uma luta tão sangrenta. Um dos anjos era alto, loiro, de olhos claros. Vestia uma tunica branca que lhe ia dos pés a cabeça. Era um lindo anjo de asas brancas e enormes. O outro era baixo, magro, cabelo preto e olhos castanhos. Vestia uma cueca suja de terra. Era um bom anjo de asas pequenas e desengonçadas e negras como o fim do mundo.
O anjo branco estava com os punhos machucados dos inúmeros socos que tinha dado no anjo negro. E o anjo negro sangrava e levantava e caia e levantava, sempre gemendo baixinho e chorando, não por dor, mas pelo mundo inteiro. O mundo estava fodido, ele sabia disso. O anjo branco gritou para que o negro não se levantasse mais, mas o anjo negro não ouviu. Assim que se levantou, foi derrubado, e o anjo branco, sorrindo lindamente, rasgou as pequenas asas do pobre anjo. Abriu suas enormes asas e seguiu em direção ao Sol.
Uma garota de cabelos negros e saia vermelha sentou-se ao lado do anjo. Ela disse que o anjo tinha que viver. E o anjo disse que as suas pequenas asas negras tinham sido arrancadas da pele de anjo dele. Ela repetiu três vezes: "Louco assombrado, perdido num pesadelo" E o anjo quis saber qual era o nome da garota. E ela sumiu para sempre, deixando o anjo com saudades, para sempre.

Entrei em casa suado, louco por um copo de água. Na geladeira só haviam cervejas, então abri uma lata gelada. Sentei no sofá, na sala escura, e ouvi um avião passando. Ouvi um ônibus lotado tremendo minhas janelas. Ouvi a vizinha gemendo. Ela sentia amor. Mas não sabia o que era amor. O amor morreu e meus olhos se encheram de lágrimas. Lágrimas pesadas que arrastavam o sangue do rosto para os lábios abertos. Peguei minhas asas quebradas e guardei num armário. Eu tentava encostar minhas costas no encosto do sofá, mas minha pele, que agora não era mais de anjo, ardia intensamente. Pus a mão onde ficavam as asas e um sangue negro escorria. Ele fedia a morte. Mas a morte não era tão ruim quanto o fim do mundo. Eu queria ter morrido há uns dois mil anos atrás.

domingo, 10 de abril de 2011

Missing

as vezes acho que já vivi muito.
e as vezes acho que não quero viver mais um monte de coisas.
é foda,
eu tenho consciência da minha mente
deturpada,
do meu lado suicida.
ter consciência da loucura
é a pior loucura possível.
não tenho medo,
pois sei que sou um bosta
e nunca teria coragem
de dar fim a minha vida.

mas as vezes
eu acho
que vivi muito
e que não quero mais
viver
porra
nenhuma.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Eu te amo, porra

o ódio que eu sentia
era solitário
e todas as paredes geladas
me faziam mais sozinho
e o ódio me corroia
e eu precisava de amor.
infelicidade
e dor
e tristeza
e saudade
de uma coisa que havia morrido
há muito
mas muito
tempo.