sábado, 18 de fevereiro de 2012

A namorada gostosa

É fácil não gostar das mulheres gostosas. Pelo menos eu tive meus momentos. Era belíssima e deliciosa, porém estúpida e vulgar. Dezesseis anos, sétima série do Ensino Fundamental, boca de marujo, mente perversa. Falava das putarias da vida com certa normalidade, como se o sexo e a prosa estivessem no mesmo patamar. E sobre prosa, falamos de doces palavras como boceta e caralho. Na época, eu tinha uns dezoito, ou dezenove, achava aquilo tudo muito inapropriado. Eu vivia num mundo onde o sexo era feito debaixo das cobertas, regados de beijo, perfume e amor. Ela conhecia a vida melhor do que eu. Muito melhor. Ela tinha dezesseis anos.

Certa vez andávamos pelas ruas duma cidade litorânea, era fora de temporada e tudo estava completamente vazio. Passávamos na frente do Corpo de Bombeiros e ela desatou a falar, enquanto andávamos de mãos dadas.

“Eu já namorei um bombeiro daqui.” E eu não respondi nada, sequer dei sinal que ouvi. “Tá, não namorei. Peguei por uns tempos. Mas isso foi há muito tempo.” Perguntei quantos anos ela tinha, ela respondeu que fazia tempo, bastante tempo. Ela tinha dezesseis anos e era simplesmente deliciosa. Um rabo imenso, cintura fina e seios definitivamente já completamente desenvolvidos. Dezesseis anos com corpo de vinte. “Nossa, tanta história com esse bombeiro. Foi assim, eu e a minha prima andávamos na praia e tinha dois salva vidas. Que delícia de salva vidas. O outro era preto, feio de doer o coração, mas também muito gostoso. Aqui só tem salva vidas gostoso.” Caralho, o que eu fiz pra merecer isso? Continuei quieto, enquanto andávamos pela avenida principal. “Daí minha prima falou ‘Eu pego o gostoso!’, era óbvio que ela tava falando do que eu queria pegar. Daí começou a briga, né? Enfim, você já viu minha prima, né? Meio gordinha.” Ela riu maldosamente. “O bombeiro me escolheu, é óbvio. Minha prima só cortando o pretinho. Coitado. Quer dizer, coitada, né? Ele era horrível!” Um gato preto atravessou a rua. Entramos numa padaria, ela queria sorvete, eu paguei.

“Então, onde eu estava?”
Não respondi nada. “Ah é, o bombeiro. Então, a gente se pegava escondido, durante o horário de trabalho dele, quando ele tinha que ficar olhando o pessoal nadando. Uma vez o chefe dele, como é o nome do chefe do bombeiro? Tá, o chefe do bombeiro viu a gente, daí ele acabou sendo despedido. Coitado.” Eu perguntei se ele não tinha sido preso e ela perguntou daonde eu tirei essa ideia idiota. Pedófilo de merda, foda-se. “Enfim, deixa eu continuar minha história. A gente tava na casa da vó, né?” Onde estávamos hospedados, o que fez meu estomago revirar. “Era primo, prima, amigo, amiga, umas quinze pessoas dormindo na sala. Eu tinha combinado com o bombeiro de ele ir lá em casa, depois que todo mundo tivesse dormindo. Daí ele apareceu, de madrugada, entrou debaixo do meu lençol e a gente começou a se beijar. Tudo isso na sala, junto com aquele povo todo que dormia. A coisa começou a ficar quente, mas eu era virgem. Foi aí que eu fiz o meu primeiro boquete.”

Voltamos para a cidade. Liguei para os meus amigos e perguntei o que iríamos fazer. Daí dá-lhe bar e, naquela noite, beijei duas garotas. Elas eram amigas, ambas ficaram chateadas uma com a outra. Uma delas foi embora de carona comigo. Era a que beijava mal, também a mais feia das duas. Ao parar o carro na frente da casa dela, pedi mil desculpas por todo caos que eu criei. Contei-lhe da minha namorada, que era uma vadia e eu era obrigado a ouvir todas as histórias, uma mais escatológica que a outra, da vida sexual dela. Ela sorriu, abriu meu zíper... No dia seguinte, não liguei para a namorada, não que ela se importasse muito.