sábado, 24 de dezembro de 2011

2012

é natal.
e a porra do teclado preto,
das teclas brancas
me diz que foda-se o natal.
é natal.
e ano novo também.
e amanhã é amanhã.
foda-se se é 2011 ou 2012.

é natal.
porra, muita merda aconteceu nesse ultimo ano.
muita merda aconteceu nesses ultimos anos.
e, acontece, é ano novo também.

e seja feliz quem
souber botar a cabeça no lugar
e conseguir manter a paciencia
e não ligar pros erros ortográficos.

a vida corre de mim.

a vida corre de nós.

sorrimos.
flash.
largamos os músculos soltos.
outra foto.
sorrimos.
flash.
ah... outro gole.

os valores estão completamente invertidos.
venera-se quem acha linda a traseira da mulher.
porra, é linda a bunda duma mulher.
mas isso não é valor.

valor.
que porra é essa?

a gente acha que se trata de dinheiro.

ou de conduta.

ou de humanidade.

... humanidade.

a gente esquece o que é a humanidade.

os valores se corromperam num orgulho esdruxulo do amor à bunda.
esse é o Brasil.
À BUNDA E AVANTE!

porra...
tem tanta coisa mais importante que a bunda...
o peito...
a barriga...
o cérebro...
a corrupção...
a privatização...

bunda
bunda
bunda
bunda.

liberdade.
ninguém não tá nem aí pra liberdade.
ou pro saneamento básico.
ou pra esperança dos carentes.

ninguém
é
humano.

vivem de preconceito.

é preto
é branco
é gay...

é bixa...

foda-se...

acabou...
tudo bixa...
querem dar...
dar pra quem quer comer...

e
o mundo já
cabou.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Castidade

De repente estou com a mesma cara que o Elefante do blog. Essa cara apática e estúpida. Me sinto como se saísse dum convento, com uma visão de mundo estranhamente pura e lindamente positivista. Enquanto o resto do mundo continua a ser o que sempre foi. As pessoas não estão dispostas a amar ou perdoar ou essas coisas que tangem os âmbitos das religiões. Estão mais interessadas em, afogadas em completo egoísmo, viver a vida. Eu também tive meus tempos de sonhos grandes, de egoísmos justificáveis, de pequenas maldades divertidas.
Olho para os outros e me pergunto como a sociedade consegue seguir esse ritmo violento de caça-caçador, onde ainda vence o mais forte. Estamos todos bem, sorrindo das nossas vidas contentes e das inteligências inferiores às nossas. Julga-se muito. E eu, a nova freira, fico com a sensação que isso tudo é sujo, que toda atitude tomada resulta em algo ou alguém prejudicado, mas não estamos preocupados com isso. Estamos preocupados com o que é amor? e com o que é ódio?
A resposta nunca importa. Aliás, nada importa, nessa passagem rápida pela Terra.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O músico

larará
larará
era uma vez
um escritor
que sentado
esperava o fim do mundo

lararará
lararará
o escritor amava música
mas não sabia cantar
e nem tinha ritmo pra batucar
tu-tu-tum-pá

gemia notas suaves
que só seus ouvidos ouviam
de suas narinas
o som anasalado
saia acanhado

hmmmm, mmm, mmmm.
hum, hm, mm.
hm, mmmmm. mmm, hmmm.

e quando alguém chegava perto
o escritor fazia silêncio
e esperava a solidão
hmmm. larará larará. hm m mmm hm. pararárarará.

o mundo não vai acabar
e logo o carros vão voar
e os robôs vão dominar o mundo
os humanos serão recicláveis
o amor morre
e fica a produtividade

quem dera terminasse agora
no auge da felicidade.