segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Jogo de azar

estávamos jogando sinuca.
eu e ele, ela assistindo.
e nós nos odiávamos,
só naquele momento,
pois eu gostava dele, um bom sujeito.

era questão de mérito,
eu precisava vencer.
ele precisava vencer.
e o vencedor, tinha a dama.
mas a dama não sabia disso.

era um triângulo amoroso.
eu, ela, ele.
uma porra dum triângulo zoado.
ele curtia ela, ela não estava nem aí
e eu sentia uma porra duma paixão inconsistente.

e ele era bem melhor.
botou a bola 9 para fora.
sobrou a 8, botou na boca da caçapa.
eu ainda tinha a 4, perdida.
atirei o taco, o meu caralho para o mundo.

e nessas horas a gente percebe
que nada é justo
e tudo é uma competição.
todos estamos pendurados nessa obviedade,
a competição.

a bola branca bateu na 4
que bateu na parede.
a branca bateu na parede, na outra.
a 4 foi bem devagar e pá, na caçapa.
a branca, bem devagar, pá na 8.

eu ganhei,
sorri.
mas não ganhei porra nenhuma.
e eu tava bem,
bêbado.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Por um mundo justo

"você não estava esperando
que Deus tivesse piedade, né?"
ele gargalhava, suas veias saltavam
do pescoço e da testa

"claro que não."

"tá escrito na tua cara!
claro que tava!"

"ah, foda-se..."
traguei mais uma vez.
tossi.

sábado, 29 de janeiro de 2011

A verdade

4 da manhã e eu
ouvia meu coração
batendo
forte,
fugindo de mim.
o peito
doendo
e percebi
que minha paixão
estava se transformando em
amor,
a minha cura.
eu estava livre do
vazio.
e meu peito
doia.
era tudo imaginário,
a paixão,
o amor,
o vazio.
mas a dor
era real.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Charles Bukowski

"É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom, bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa."

Mulheres, de Charles Bukowski

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Romance e poesia

Mariana era um romance de mil e duzentas páginas, por isso demorei 3 anos para lê-la. Era um história completa, cheia de personagens redondos e inimagináveis surpresas. Mariana tinha uma beleza diferente e uma mente diferente. Ela era diferente e a leitura foi bem demorada e muitas vezes entendiante. Um amor que me durou 3 anos, com suas diferentes intensidades, ora precisava desesperadamente lê-la por horas ou dias a fio, ora queria desistir de ler para sempre. Amá-la foi muito complicado.

Amanda
Era poesia.
Com seus
Cabelos
Lisos e
Seu sorriso largo e
Seu lindo corpo.
Era poesia
Que se

Em 30 segundos.
Uma paixão
Intensa
Que acaba tão rápido
Quanto veio.
Amanda é poesia.
Que se

E se
Relê
E se
Apaixona
E se
Reapaixona.
Ela é poesia
E não sai da minha
Cabeça.
Poesia se lê
E se relê
Para o resto
Da vida.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Sonhador

eu seria um idiota
se não me apaixonasse
por você.


eu
seria um babaca
se não quisesse ver
o
s teus olhos nos meus.

eu
seria um ridículo
se não quisesse sentir
o
s teus lábios nos meus.

o
s teus seios
no meu peito.
a tua cintura
no
s meus braços.

mudei, para pior.
ma
s por você eu sou
aquele me
smo ingênuo,
alegremente ignorante,
tolamente confiante.

cabelo
s e sorriso
e lábio
s
e um beijo de canto de boca.
uma
serenata silenciosa.
eu
sorrio, você também.

eu
sou um idiota
e me apaixonei por você.
tolamente confiante
vivendo num mundo
de
sonho.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Porra, que merda

O meu caralho para o mundo.
A porra do meu caralho
Para o meu mundo virgem.

A porra do meu mundo
Cheio de imaginação
E de sonhos
E de amores.

A porra do meu caralho.
Para o meu mundo
Cheio de sedução
E de um beijo na bochecha.

sábado, 15 de janeiro de 2011

O nascer de um sentimento

Amanda era ex paixão do meu melhor amigo. Ele, de certo modo, amava ela. Era uma paixão de alguém que nunca amou, então ele achava que era amor. Pois uma vez nós saímos, eu, Amanda, o melhor amigo e outros amigos nossos. Bebíamos Bacardi Big Apple num posto, Amanda disse: Não deixa eu ficar com ele, tá? Respondi sorridente, completamente bêbado: Só com ele? Ela riu, eu também. Levantamos e fomos abraçados, cruzando passos e capengando até a balada. Acabamos ficando para trás, ela tinha que dar oi a um ex namorado.
Na frente da balada, lhe disse: Manda, eu queria agradecer pela nossa amizade. De todas as minhas amigas, você foi a única que eu nunca tive segundas intenções. É uma amizade pura. Ela sorriu deliciosamente, os olhos de bêbada cerrados me olhando fundo. Mordeu o lábio e disse: Nunca? Eu senti calor, olhei para cima, esperando que Deus me ajudasse. Ah... veja bem... Respondi. Olhei nos olhos dela e simplesmente nos beijamos. Eu estava sendo o pior amigo que meu melhor amigo queria e eu sabia que estava errado, ela não sabia, estava caindo de bêbada, eu era o culpado.

O tempo passou e nós continuávamos a pecar durante as madrugadas quentes dentro do meu carro, embriagados e seduzidos por uma idéia perigosa. Certo dia, nos beijávamos no banco do passageiro e a capa do óculos dela caiu entre os bancos do meu carro. Levei a capa para casa e no dia seguinte, com Amanda na cabeça, abri a capa. A capa era lilás e seu interior era feito de veludo roxo, essas cores eram a cara dela, e o cheiro do perfume dela estava lá dentro, encrustado naquele veludo macio. Pus o nariz ali e respirei fundo, de olhos fechados sendo dominado por uma coisa nova.
Durante os dois dias seguintes, respirei o perfume dela de dentro daquela capa. Aqueles dois dias em que eu não precisava almoçar, ou jantar, ou ir ao banheiro ou tomar banho. Eu precisava sentir o cheiro dela. Era o amor. A primeira vez que eu amava. A única vez que amei. Estava ridiculamente apaixonado, envolvido num namoro proibido e libidinoso. Minhas narinas estavam cheias de amor, do mais puro e completo amor. Eu amava Amanda e meu nariz podia dizer isso para quem ele quisesse.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Psicose

Eu estava na sala, sentindo o tédio pulsando nas minhas veias e me deprimindo com a atuação precária nas novelas da Globo. Ela estava no banho. Eu precisava de alguma coisa, enquanto ela precisava tomar banho. Era pouco depois das 19h, eu já tinha tomado banho e ainda estava bêbado, pois tinha passado a tarde toda entornando copos de cerveja quente. Ela não bebia, mas gostava mais de mim quando eu estava bêbado. Acho que sóbrio eu não era tão carinhoso, ou tão despudorado. Eu podia falar o que vinha na mente e ela realmente gostava quando eu falava do corpo dela. Era isso, eu precisava fazer, ela precisava ouvir. Nosso romance não era um romance, nosso sexo não era sexo e ela estava bem com isso. Beijos nos intervalos das novelas. Eu estava bêbado e de saco cheio. Ela estava tomando banho. Tirei toda minha roupa, dobrei-a e deixei-a em cima do sofá. Entrei no banheiro, que não tinha fechadura, sem bater, ela deu um gritinho de susto. Eu não falei nada, apenas assisti o vulto dela atrás do box fosco. Ela não falou nada, apenas abriu o box. Eu precisava dela. Ela precisava ouvir: Como você tá preta, tua marca de biquini tá deliciosa.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

On The Road

Lá estava eu tentando agir, sentir, evoluir. Num ônibus caindo aos pedaços, lendo Jack Kerouac (On the road, 1957) e sentindo frio no ar condicionado a 18º. Eu precisava provar mais uma coisa pra mim e eu tinha certeza que só provaria o que sabia: Eu não vou sentir. Eu ia sobreviver. É o que eu faço desde que a vida começou. Não há nada demais em sobreviver, todo mundo faz isso todos os dias. Eu imaginei que estava tomando a atitude mais romântica de toda minha vida, quando estava apenas viajando mais uma vez, fugindo da realidade escrota que assola o meu peito impossivelmente vazio. Um vazio que ora dói, ora sara. Era como estar em outra vida, sentindo que os pêlinhos das costas dela que brilhavam com a luz da televisão sentiam alguma coisa. Sentindo que havia sentimento e sentido em tudo. Os olhos fechados, a boca brilhando, ela estava pronta para o meu sentimento. E havia sentimento em tudo, inclusive a revolta dolorida do meu coração. Ele apreensivo, batendo mais forte por esperar bater mais forte. Batendo forte de raiva e decepção. Coração vazio. E das certezas, aprendi com essa trigésima tentativa: pare, Thomas, você não precisa disso...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pai para filho

Estavam os três sentados numa mesa perto da piscina. Eram pai, filho e tio.
- Pai, o que é amor? - Perguntou o garoto.
- Hm, como posso te explicar? - Respondeu sorridente para o filho. - Por que quer saber, filho?
- A professora falou sobre amor na aula.
- Isso não é coisa que se ensinem para crianças. - O pai falou para o tio com certo ar de indignação.
- O que você queria que ensinassem? - O tio riu.
- Sei lá. A ler e escrever!
- Pai... O que é amor? - O garoto interveio.
- Bom... Amor é quando uma pessoa decide que a vida não faz sentido. A pessoa que ama perde a noção de vida... - Ficou em silêncio, perdido em sua reflexão.
- Porra, quem diria que teu pai era poeta, hein? - O tio riu, levantou a garrafa de cerveja propondo um brinde.
- Calma. Quieto! Então, filho. Quando uma pessoa ama, perde a noção de vida. A pessoa que está sendo amada, resolve que a pessoa que ama, não merece viver. Então, a pessoa amada resolve matar quem ama.
- Não entendi, pai.
- O amor é um tiro no peito. É a maior dor que um homem pode sentir. É morrer enquanto vive. É respirar o inferno. É se alimentar de ódio. O amor é um tiro no peito. - O pai olhava para a garrafa de cerveja. O tio sentia uma mistura de espanto, medo e desapontamento.
- Não é bem assim, garoto. - O tio deu um sorriso amarelo, tentando disfarçar o momento embaraçoso.
- Pai?
- Quê?
- Eu nunca quero amar.
- Ei, guri. Já falei... Não é bem assim... O amor é bonito! - Disse o tio.
- Não ame, filho... Não ame...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Loucura e obsessão

Eu precisava aturar a obsessão dela. Era uma promessa que fiz a mim mesmo. Ela gritava. "Thomas! Thomas! Vem ver a porra do teu filho, seu filho da puta! AAAH, esse moleque tá me enlouquecendo" E lá ia eu, cuidar do garoto. "Filhote, não fica zangado pela tua mãe. Não é culpa dela, tá? Ela te ama, ela me ama. Eu sei disso" Ele não tinha mais que 1 ano. Vivia aos prantos enquanto a bomba relógio andava pela casa coçando o nariz. Ela coçava-o compulsivamente, sentada no canto do sofá, na sala escura. "Você tá me olhando? Por que você fica me olhando, Thomas?" Eu saia da sala e ia pra sacada. "THOMAS! Você não ouviu eu falando com você?" Eu abraçava ela, bem forte, com medo que ela me arranhasse. Meu rosto sempre estava arranhado. Os arranhões não me machucavam, mas eu tinha medo de ficar cego. "Amanda, meu amor, eu te amo. Vamos deitar? Eu te amo." Ela estava magra e perdendo o cabelo, seus olhos pareciam os de um velho com catarata. "Se eu deitar, o teu filho vai começar a berrar. Ele faz isso pra me sacanear." E ela caia em prantos, a sua voz mudava e ela voltava a ser a Amanda que eu sempre amei "Tho, eu não aguento mais isso! Eu quero morrer! Por favor, me mata, antes que eu mate nosso bebê." Ela sempre fazia isso quando voltava a realidade. "Manda, eu não consigo..." Eu chorava. "Por favor, Tho! Por favor!" E ela me arranhava e o bebê chorava. "ELE TÁ CHORANDO DE NOVO!" Era sempre assim. Até que um dia, acabou. Graças a Deus.

Foda-se o mundo, cale a boca e tira essa tua roupa ridícula

Era infeliz, como todas as mulheres da idade dela. As mulheres simplesmente não conseguem morrer felizes. Não sei quanto aos homens, pois todos que conheci morreram antes de completar cinquenta. Mas mulheres, conheci algumas. Metade delas eram ótimas amantes, outra metade só vivia a infelicidade que era ser uma mulher curitibana. A idade, para os homens, representa sapiência, para as mulheres, decadência. E lá estava eu com aquela mulher infeliz e boa de cama num hotel barato no centro da cidade.
- Conte-me sobre você.
- Não tenho o que te contar.
- Fale, por favor...
- Eu sou formada em Artes Visuais, fiz pela diversão, pela maconha, pelo bem da geração hippie. Depois me formei em Administração, logo em seguida Direito. Quando era jovem, me apaixonei pelo meu melhor amigo, ele era lindo, tinha cabelos um pouco compridos e não tinha medo de ninguém. Um dia ele me pediu em casamento. Logo descobri que ele também tinha pedido outra mulher em casamento...
- Que filho da puta.
- É o amor, eu entendo...
- Que amor... - Ela era loira, mas uns fios brancos de cabelo se escondiam no amarelo opáco.
- Daí ele foi morar com ela, perdemos contato. Ele sumiu do mapa. Eu me casei com um político corrupto, interesse da família. Tenho um menino.
- É divorciada?
- Meu filho não ia aguentar um divórcio.
- Quantos anos ele tem?
- Doze.
- Qual é o nome dele?
- Thomas. - Ela estava nua. Ela era tão branca que as veias verdes e azuis saltavam dos seus seios assimétricos. Deve ter sido a garota mais bela que o mundo já viu. Mas as belezas acabam e a vida acaba. O mundo acaba.
- Nome bonito.
- Eu sei.
- E o que você está fazendo aqui?
- Transando com você. Acho que é pra isso que te pago.
- Você se importa de eu conversar com você?
- Claro que não. É a única pessoa que eu converso.
- Não tem amigos?
- Thomas acabou com todas as amizades. Vivo sozinha desde então.
- Ser mãe é complicado. Priva a vida social.
- Não, não o meu filho. Thomas, o filho da puta.
- Quem?
- O que me pediu em casamento.
- E onde ele tá?
- Morreu. Se matou assim que a esposa fez um aborto e fugiu com todo o dinheiro que ele herdou do pai.
- Era bastante?
- Bastante.
- Que merda...
- Se ele tivesse casado comigo estariamos em casa agora. Talvez transando na cozinha, ou talvez viajando pro Caribe numa terceira lua de mel. Ou estariamos cuidando do nosso terceiro e lindo filho. - Eu quase sentia uma lágrima se formando nos olhos azuis claros dela. Mas ela era tão triste que suas feições não mudaram.
- É, você seria mais feliz.
- Foda-se. Eu não teria meu filho. Eu amo Thomas.
- É, tudo tem seu lado bom.
- Foda-se o mundo, cale a boca e tira essa tua roupa ridícula.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Os loucos também amam

Os loucos também amam.
Eles também sofrem e também vivem.
Os loucos também são gente.
Os loucos também amam.

E todo mundo ama.
E só me resta uma conclusão:
Todo mundo é louco.

Eu, um são, nadando loucamente em um mar de loucos.
Pedindo piedade e, acima de tudo, felicidade.
Mas como ser feliz sem o amor? Como ser feliz sem a loucura?

Eles sabem se humilhar pelas melhores causas.
O que importa é o amor e todo o sofrimento.
A loucura obsessiva que é o amor.
Que delicioso o amor.