terça-feira, 28 de junho de 2016

Datilógrafo

de novo os dedos
urgiam por escrever

as mesmas palavras
e as mesmas estrofes
viciadas
que diziam
sempre
a mesma coisa

amarrei-os
e o cérebro deu uma volta nele mesmo
como se por revolta
girasse no sentido horário

morre aqui
a capacidade
de bater em teclas
e dizer
alguma
coisa

domingo, 19 de junho de 2016

O dado de 20 faces e a revolução do planeta

um prelúdio
de um dia novo

a experiência de experimentar a inovação
cultivando a ideia como um processo
de seguir em frente
e quebrar o código

5h da manhã
e o meu vizinho
faz barulhos

me pergunto se o acordei
ou se ele está acordando os outros
vizinhos

aqui eu tenho sono
e a curiosidade

às vezes parece que há um fio de esperança
às vezes parece que ha um mar inteiro
às vezes a palavra sequer
existe

eu nem sei ao certo
o que hoje é
certo

não sei dizer
se algo que não começa
precisa ter fim

preso nos meus próprios vícios de linguagem
meu dicionário de páginas amarelas
meu pacote de regras
que dizem
quem sou
eu

primeiro um primata
depois um elefante branco
assim um caranguejo
ou um passarinho
ou uma planta em um
pequeno vaso
sufocada
em suas próprias
raízes

eco
dos meus próprios
barulhos

eco de mim nas superfícies todas

o som bate e rebate e a gata mia pedindo amor

eu mio
pedindo
amor

minha âncora
me suporta
ou me
afunda

minhas asas
me fazem voar
ou dificultam
o meu
caminhar

meu canto
é ode
e
ódio