quarta-feira, 31 de maio de 2017

Hoje o Sol apareceu para nós

Ou ótimo demais
Ou péssimo demais

Nunca um meio termo que diz que o dia é dia e tudo bem
Que dia é hoje?
Provavelmente de se sentir péssimo
Como a maioria dos outros dias
Como se tudo fosse possível
Tudo mesmo
Desde um prato cheio à felicidade plena
Embora há quem sinta numa coisa a outra

Pois por um curto período de tempo
Me sinto ótimo
E não muito melhor do que eu normalmente me sinto
Mas muito melhor que uma grande maioria do planeta inteiro

E quando percebo essa pré potência toda

Me desmonto como um quebra cabeça que não significa nada

Nada significa nada tudo significa tudo e é sempre esse vício absurdo entre mesma coisa e um mundo plenamente velho
Como se tudo fosse regra
Mas ninguém as conhecesse

Como ser fosse divino
E humano fosse escória

Como se eu fosse humano e não fosse de nenhum modo
Como se a dúvida que aparentemente não aparece a ninguém ficasse pulsando no meu cérebro pulsante

E se não existo de nenhum modo?

Meu coração não consegue mais seguir um ritmo
Segue o que lhe convém
E logo tenho que trabalhar conscientemente com os pulmões

É tudo sobre ser microscopicamente cuidadoso com o verbo ser
E não ser de nenhum modo

Modo
Nenhum
Modo
Nenhum
Nada
Nisso
Tem
Sentido
Exceto o tempo que segue lógico como um meteoro que logo se despedaça em pouco mais que ar

Ser livre
Ser livre
Ar livre
Ar condicionado
Ser condicionado
Ser senhor de si e só de si
E um punhado de dó para cada um de nós que não apenas se sente sozinho mas que reconhece efetivamente a solidão

O sexo pulsa na minha pele e nas minhas têmporas
O sexo pulsa como meu coração
Como se fossemos um só
Peito corpo alma

O coração pulsa
Tão estranho
Que me pergunto se não vou morrer

Bate muitas vezes seguidas muito rapidamente
E as batidas sobem o peito e o pescoço e o cérebro e isso tudo pulsa como arrependimentos ou tsunamis ou remorsos ou bombas atômicas

Bate desesperado

Completamente desesperado

E eu
Logicamente
Me convenço de verdades infalíveis
Que falham como um reino de prédios de cartas de baralho
Baralho caralho minha cabeça tremendo toda

Eu nadando em orgulho
Enquanto embaralho a realidade para ver algo inusitado
Comigo me sentindo uma delícia
Comigo ótimo até o céu ruir
E tudo volta outra vez