sábado, 6 de junho de 2015

Imunidade imunda

Eu amo o mundo
e o mundo me ama

um asteróide passa de raspão
mas erra seu caminho
e a curva limite que é a borda da Terra
não passa de um contorno de um enorme alvo azul

eu amo o mundo
e o asteróide explode
toda a vida que me ama
Deus e outros tantos seres etéreos esquecidos

Os oceanos agitados pelo impacto
e as ondas varrendo a superfície do globo
e o vento carregado de poeira e sujeira
escondem o Sol que outrora fora Deus

eles me amam e eu sei disso

o Sol me frita
eu cozinho por dentro
meu estômago em ebulição

quarta-feira, 3 de junho de 2015

O princípio do começo, sem meio; só fim

tuas mãos em torno do meu pescoço
com o carinho do começo e do fim
um breve suspiro de inteligência
atribuída às consequências de respirar de novo

minhas mãos ao relento
na espera de um futuro mais simples
apertadas tão forte para que eu nunca largue
o meu presente

a lógica das religiões esquecidas
nos detalhes inconscientes
de uma sociedade
que conserva a
morte

o dever de agradecer por um novo dia
um dia frio
um dia escuro
um dia velho

o sono que repele as responsabilidades
com o mesmo ardor que o fogo
traz a palma
queimada

o fim do mundo
que chega antes do café da manha
e vai embora
antes de eu sair de casa

o fim do mundo
que me espera aqui
quando chego tarde
e vejo que pouco mudou

injustiça e repercursão
de memórias que custam a ser esquecidas

tatuadas na pele como borboletas
e corações
e unicórnios
e arco-íris

cores pálidas de um tempo hostil
a sujeira de um mistério viciado

o medo de sentir de novo
o pavor
de sentir
o cheiro
da morte

abaulado sob contornos
incertos
focado num universo complexo
e sem luz

antes de eu respirar mais fundo
já perdi o folego
respiro mais raso
e expiro consciente

traduz tudo isso
em jardas de especulações
imprecisas

me diz
que vai ficar
tudo bem