sábado, 26 de março de 2011

Cidade Industrial

eu tenho uma fábrica de ódio no meu peito
cujos funcionários estão sempre em greve
e meu peito segue rancoroso
mas segue bem
eu vivo bem.

é raro
mas de vez em quando os funcionários trabalham
e o ódio sai do forno todo negro
e pesado
e denso
rasgando minhas costelas.

e parece que meu mundo vai acabar
que eu sou a maior merda que o mundo já fez
e que o mundo é a maior merda que Deus já fez.

é tanto ódio e dó e sentimentos fracos
que os funcionários desanimam
e vão para suas casas
chorar com suas famílias
sobre a bosta de emprego
que tem.

todos sozinhos
com seus amigos
e sua família
e tão solitários quanto vacas ao pasto.

funcionários grevistas sozinhos
e filhos sozinhos
e pais e mães sozinhos
e amores que não significam nada
fervilhando o coração
prestes a explodir.