quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Fome

Mais ou menos um mês sem transar e eu já me sinto a Virgem Maria a espera de um filho de Deus. Um sacrifício divino, a abstinência sexual. Depois de um ano paradíssimo, relacionado às relações sexuais, e movimentadíssimo, relacionado às relações onanísticas, me vejo juvenilmente solitário. As vezes é difícil me imaginar como nos tempos de ouro, dias em que eu transava a torto e a direita, pois hoje eu sou um cara que não tem nenhuma representatividade social. Eu sou um estranho à sociedade. Não tenho muitos amigos. Não saio muito de casa. Não sei me divertir em grupo. Normalmente minhas diversões não passam de solidões prazerosas, recheadas de vinho ou filme ou literatura de boníssima qualidade. Não sei mais dançar, nem conversar, nem xavecar (acabei de procurar no Google qual é a pronuncia certa e me deparo com "Como xavecar garotas sem parecer um babaca", irônico), nem ficar bêbado. E nessa vida caseira, não pode se esperar muita feminilidade que não seja virtual. E por virtualidade não digo apenas pornografia, bastam as atrizes de belos sorrisos ou as fotos de belas pernas ou a caracterização de uma personagem em um livro qualquer. São nessas horas de desanimada solidão e necessidade em enfiar minhas partes em alguma bela fêmea que me dói o coração e me vem a lembrança da benção da ignorância sexual. Quando se é assexuado, não há nenhuma necessidade, basta um pouco de calor humano para que os órgãos se esquentem e se tornem vulgares e promíscuos. O cérebro fervendo à mil, imaginando poses e cenas, inventando sonhos quentes com gente que a gente nunca viu. Ah, que benção a virgindade.