sábado, 25 de abril de 2015

Karma

Achei que fui eu.
"- Ele para no terminal?
 - Não.
 - Não vai pro TISAN?
 - Santo Antônio."
Um casal tira as suas dúvidas.
Ele é rude. Aparentemente puto com o atraso que tais perguntas vão gerar lá no ponto final.
"- Mas vai pro terminal?
 - Sim, claro."
Ele resmunga. Eu ouço ele resmungar. Eu sinto ele resmungar. O resmungo dele arranha minhas costas. Eu explodo como uma estrela. Longe e silenciosa explosão. Não viro pra ele.
"- Porra."
Ele diz bem alto, para que eu e o casal ouçamos.
O semáforo fecha.
Eu abro meu sorriso e cumprimento o cobrador. Converso e extraio dele toda a simpatia que seus jovens bigodes são capazes de fornecer.
Me sinto bem.
Achei que fui eu.
E numa rápida conferência, vejo que meu próximo ônibus está marcado para daqui uma hora e meia.
Sorrio de novo.
As maldades se multiplicando como um vírus.
Achei que fui eu.