domingo, 24 de abril de 2011

Tristeza

Era aniversário da Amanda. Família, amigos e eu, sozinho, como sempre. Ela, uma vez, me amou. Eu ainda a amava, ou ainda amo, sei lá. E lá estava eu, tentando conversar com ela, pelo menos conversar. É óbvio que eu queria um amor eterno, mas um sorriso me bastava. Em tempos de crise, um sorriso significa muito. E ela sorriu, mas não para mim. Aliás, ela nem sabia que eu estava lá. Eu era invisível e ela tinha amigos e familiares e presentes e uma felicidade extrema. Extremamente angustiante. Que vida. Para aparecer, resolvi me embriagar. As vezes a bebida é realmente conveniente, as vezes nem tanto. Pois fiquei completamente acabado, louco. Cai no chão, me sujei, se não me engano, vomitei, mas nem sinal da Amanda. Então entrei na casa dela e deitei na cama do quarto de visitas. Lá eu estava protegido, eu e minha solidão, ninguém mais. Cai no sono e só acordei quando Amanda me disse: Tho, vai tomar banho. Numa voz estranhamente quente e aconchegante. Olhei para ela e ela sorria para mim, vestia um vestido azul e seus cabelos castanho-escuro caiam lindamente sobre os ombros, os lábios carnudos entreabertos mostrando os dentes branquíssimos. Eu falei: Prá quê? E me virei de costas para ela. Ela deu a volta na cama e ficou bem perto de mim. Ela respondeu: Prá isso. Abri os olhos e ela estava com o vestido levemente levantado, mostrando um pedaço das suas vergonhas nuas, lindamente nuas. Eu levantei correndo, tentei entrar no banheiro, mas alguém estava usando-o. Olhei para ela desesperadamente, ela sorria, calma: Vai no quarto do meu pai. E eu entrei correndo, sem dizer nada. Ela também entrou no quarto, trancou a porta enquanto a água já corria no box. Beijei-a, apertando as nádegas nuas dela, ela tirou minha camiseta e acariciava meu cabelo curto. Vai tomar banho, Tho! Ela falava rindo. Tirei a roupa para entrar no banho, mas antes tentei comê-la. Ela ria gostosamente, dizendo: Só depois de você tomar banho, Thomas! Eu respondi: Vem pro banho comigo. E de mãos dadas, fomos. Eu de pau duro, ela sem calcinha, debaixo dum belo e comportado vestido azul, no quarto do pai dela. Mãos e bocas e sexo e putaria. Eu não me entendo, sofro a vida toda por causa do amor não correspondido, daí ela quer me dar e eu quero comê-la. Não me passou pela cabeça amá-la, deitados na cama, nus, de conchinha, sem sexo, só amor e carinho e a certeza de que era a última vez que ela ia me amar. Mas não, fizemos um sexo violento, com gemidos altos e suspiros e beijos ardidos, mordidas nos lábios e no bico dos seios e no pescoço. Eu gozei dentro dela e me encostei na parede gelada do box, eu fervia. Ela pôs as duas mãos na minha cintura, suspirou longamente, sorriu para mim e disse: Eu esperava que a última vez que transássemos fosse triste. Eu respondi: É que essa não foi a última. Eu sorri, ela encostou a cabeça no meu peito e disse: Foi sim, Tho... Pensando bem, acho que estou triste...