terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Aquele usual problema do Projeto Apollo

Foi-se meu tempo.
Fui visitar a Lua e me perdi.
Virei na esquina errada.

Os suspiros me atropelam.
As minhas ideias não me protegem.
Meu estômago arde.

Não sei dizer se é fome.
Ou vontade de morrer.

Sede.
De amor.
De sexo.
De água.

As ruas eu não conheço.
Sei que sou uma barata.
Vivendo pra comer de restos.

A Lua diz que me espera.
Perdi o meu assento.
Nem sei mais como sorrir.

Lá foi o meu tempo.
Fiquei preso no engarrafamento.
Com meus braços em cruz, apertados com corda.
O importante em receber chibatadas é nunca chorar.

O choro é o fim do orgulho.
O orgulho é a mãe das ideias.

Mente vazia.
Mentecapto.
Mentiroso. Sorri gostoso.

Mente cheia.
Transbordam fatos
e esquecemos do número exato de cigarros fumados.
E quem começou com essa merda toda.

Cristovão Colombo.

Índios escravos. Negros escravos. Brancos escravos. Meus avós escravos e meus pais escravos.
Escrevo. Escravo.
Escarro.
Estrago.

Fecho os olhos e busco voltar no passado.
Mudar tudo desde o começo.
Cortar o cordão umbilical antes da hora.

Sem comida.
Sem vida.

Não sei em quem dói.
Se em Jesus.
Omolú.
Ou São Sebastião.
Se é só azia, ou gastrite,
cirrose
câncer
ou morte.

Fecho os olhos e quero voltar pro futuro.

Que futuro é esse que não existe?

Erraram a data. Me jogaram pra longe.
Errei a Lua.
Entrei na
esquina
errada.

Esperança.