terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Mega Sena

O céu brilha em luz roxa. A luz se desfaz. O céu volta aos seus monótonos tons de cinza. Desde não sei quando, procuro adivinhar quando o som vai chegar. Raio. Tempo. Trovão. E no segundo certo, eu diria: Klapaucius e o trovão soaria com a mesma força e poder que o furioso bordão "RAIOS E TROVÕES!" do Dr. Victor, tio de Nino, aquele do cabelo em pé. Mas as coincidências nunca tornaram possível o meu ato. De coincidência em coincidência, agigantando um espaço amostral, tal como um hábito comum de errar. Vai ver é por isso que não entendo dos pavores de raios e trovões. Raio. Tempo. Trovão. E o meu hábito de errar. KLAPAUCIUS! Não que eu estivesse esperando 1000 Simoleões na minha conta. A questão é crer ou não na sorte. E eu deixei de crer há muito tempo. Brinco com ela, sabendo do meu importante laço com o azar.
Certa vez emprestei o carro de um grande amigo. Os carros só emprestamos pros grandes amigos e pros amores e pra família. Pois no primeiro cruzamento, numa espécie de Klapaucius invertido, exatamente como um raio sob sol a pino, um motoqueiro atravessa a ponta do carro, saltitando três ou quatro vezes no seu touro mecânico prateado, até cair um tombo feio. As coincidências costumam ser assim por aqui. - 1000 $ subindo da minha cabeça como recompensa por existir ali.
Pois os céus em monótonos tons de cinza. Fico esperando a chuva. Não sou o maior fã das chuvas. É verão e eu já estou agasalhado. O céu brilha em luz roxa. A luz se desfaz. O céu volta aos seus monótonos sons de cinza.
Em voz baixa, falo um lento e imperceptível klapaucius. O mundo vibra. Meus tímpanos e a minha caixa toráxica vibram. A estrutura do prédio e as suas janelas vibram. Eu sorrio. Eu agradeço.