quinta-feira, 28 de julho de 2022

O equilibrista que dependia da rede

você tinha esse jeito absurdo de viver
e com sorriso no rosto abria o peito com prazer
eu nunca soube ser intenso assim
vivendo de migalhas e experiências aos pedaços

parecia que a cidade ovacionava os teus passos
e você sambava um pé atrás do outro pra algum lugar chegar
enquanto eu me cobria num dia quente de inverno
esperando todo humano dormir pra me sentir bem aqui

um dia alguma coisa deu errado por aí
e todo esse sol que você trazia se apagou
e alguma coisa deu certo aqui
e essa escuridão foi embora com o "tec" de um interruptor

nunca houve harmonia em nossas vidas
que nos alinharíamos como planetas
e nossas vidas naquele instante mudariam
a história desse mundo desarmônico

mas cada um foi pra um lado
como cometas que daqui 241 anos
poderiam de novo se encontrar

só mentirosos vivem de promessas
e a vida segue

penso que nosso amor foi vão
um de nós sofrendo à toa
buscando esperança numa
caixa de sapatos vazia
que dia após dia
abríamos de novo
pra saber se havia alguma
novidade ali

há surpresas que a gente nunca quer descobrir
e descobertas que nunca nos surpreendem

conosco foi assim
um lado feliz e outro triste
o tipo mais vil de traição