sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Psicose

Eu estava na sala, sentindo o tédio pulsando nas minhas veias e me deprimindo com a atuação precária nas novelas da Globo. Ela estava no banho. Eu precisava de alguma coisa, enquanto ela precisava tomar banho. Era pouco depois das 19h, eu já tinha tomado banho e ainda estava bêbado, pois tinha passado a tarde toda entornando copos de cerveja quente. Ela não bebia, mas gostava mais de mim quando eu estava bêbado. Acho que sóbrio eu não era tão carinhoso, ou tão despudorado. Eu podia falar o que vinha na mente e ela realmente gostava quando eu falava do corpo dela. Era isso, eu precisava fazer, ela precisava ouvir. Nosso romance não era um romance, nosso sexo não era sexo e ela estava bem com isso. Beijos nos intervalos das novelas. Eu estava bêbado e de saco cheio. Ela estava tomando banho. Tirei toda minha roupa, dobrei-a e deixei-a em cima do sofá. Entrei no banheiro, que não tinha fechadura, sem bater, ela deu um gritinho de susto. Eu não falei nada, apenas assisti o vulto dela atrás do box fosco. Ela não falou nada, apenas abriu o box. Eu precisava dela. Ela precisava ouvir: Como você tá preta, tua marca de biquini tá deliciosa.