sábado, 27 de agosto de 2011

Sociedade, solidão e um tiro no peito

Eu fui cagado no mundo, certa vez. E fui educado a andar, a falar, a estudar e ser um bom menino. E eu aprendi a andar, a falar e a estudar. Sempre, ou quase sempre, fui um bom menino. No meu berço, ser bom menino é se conectar com Deus, de certa forma. Não me ensinaram nenhum conteúdo religioso, pois meus pais não eram religiosos quando me tiveram. Mas de certo modo, todo meu ensinamento está baseado em todas as religiões. E eu sempre achei que eles foram bons pais, relativamente bons pais, considerando os altos e baixos e os problemas familiares que passaram destruindo nossa felicidade ao longo dos anos. Hoje ainda são bons pais e ainda me ensinam a ser um bom menino. Eu não sou mais menino. E acho que ainda sou bom, um pouco bom, pelo menos. Eu me preocupo muito com a sociedade. Eu sou um cara que gosta de caridade. Eu sofro pelos fracos e oprimidos. Mas a sociedade não se preocupa comigo. Eu sou carente, fraco e oprimido. E ninguém vai me dar um casaco de lã, só pela minha cara de filho da puta coitado. A sociedade não faz ideia que eu sou mais um fodido. Acham que sou um veadinho com cara de criança, mais um playboy óbvio que gosta de coisas entrando no cu. Eu não sou veado, muito menos playboy. Eu, provavelmente, vou morrer sem sentir o gosto de uma pica. Eu não tenho orgulho disso. Só acho que posso deixar isso claro, nesse texto.
Eu sou um bom menino e dou mais retorno à sociedade que a maioria das pessoas que escolhe se embriagar e se prostituir a troco de nada e que vive para foder com a mentalidade das outras pessoas. Todo o mundo se converteu em algo que eu não consegui acompanhar: uma espécie de anti-religião e bons costumes. Somos todos ateus e nos comprometemos a nos defender dos nossos inimigos, das ofensas alheias, dos nossos professores e pais, dos nossos amigos e dos nossos amores.
Eu não sei onde o trem social me largou. Agora vejo que todo mundo está lá na frente, esfregando suas línguas umas nas outras com a maior naturalidade do mundo. E todos estão tão sozinhos quanto eu, mas ninguém se dá ao luxo de se perguntar o que eu não me canso de perguntar: Eu vou morrer sozinho?