segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Esperança

Quando me olho no espelho, não consigo mais manter o sorriso. O rosto disforme, como se a gravidade fizesse seu papel dobrado, triplicado, quadruplicado; sob os olhos de pálpebra caídas, olheiras roxas, dentro deles, a impressão da desilusão e o desespero de fracassar novamente. Consegui acreditar em princípios básicos de sobrevivência, procurando não desmoronar, mas na frente do espelho nada disso faz sentido. Meus princípios fundamentais sendo eclipsados pelos simples e inúteis princípios de sobrevivência, os quais não têm sido capazes de me manter vivo. A cega crença de que a paciência, e sobretudo ela, pudesse me levar aos meus novos e maiores sonhos caiu por terra. A paciência não me foi suficiente. Esperar todos os dias para um novo amanhã, como quem espera o retorno do Salvador ao mundo mortal, para assim seguir em frente e, mais do que qualquer outro desejo, conhecer.
Se eu pudesse simplesmente lutar. Ciente que a paciência não é minha única aliada. Lutar ao invés de esperar. Mas os músculos do meu rosto estão tão cansados. Ah, quanto tédio! Quanto tempo perdido! O que estive fazendo esse tempo todo? Não sei mais me apegar a deuses ou a santos, muito menos ao sentimento de Esperança. Já me enganaram muito com promessas de vitória. E eu só perdi. Só preciso me levantar de novo. Que cansaço. Que fracasso. Estou bem... Paciência...