domingo, 23 de março de 2014

Eu sou a mosca que pousou na sua sopa

se tua pele surgisse de dentro de mim
eu não me sentiria tão só

você ebulindo de mim
ou eu de ti

não me importo em ter bolhas
ou ser a bolha

o que importa é o toque

mas tua pele chega à minha
de longe

tão longe quanto a lua
ou o fim do mundo

do toque, a ebulição da minha pele
e os teus olhos tão calmos
dizendo que pra você tá tudo bem

minha pele
que se expande e expulsa meu calor
na tua
parecem apenas
pernas de formigas
de mosquito
mosca

eu
que nem mosca
sentindo o teu gosto
enquanto você quer beber o teu suco
ou ler o teu livro
ou ver a tua aula
viver o teu mundo
que não é esse meu

só pra sentir
minha pele explodir
assistindo você
me espantando com as mãos
mal sabendo
quem eu sou

tenho achado difícil me imaginar
me mostrando pra você
como um pavão formoso
ou como um macho alfa de qualquer que seja a espécie
mas acho fácil imaginar meu corpo
elástico o suficiente para dar voltas e voltas e voltas
sentindo todos os meus poros
em volta de você

só que eu só olho
perto o suficiente
pra eu pousar
toda vez
que eu puder