segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Suicidio

Tudo ia uma merda. A minha vida ia uma merda. Nada do que eu fazia ia prá frente e, mais uma vez, eu estava sozinho. Sozinho no nada, uma merda. Eu era um merda. Tá, tudo sempre foi assim, minha vida sempre estava uma merda. Era tudo uma grande merda havia muito tempo. Que merda.
Olhei para 9mm que eu comprei, mas nunca tinha usado. Aliás, comprei prá me defender, andava com ela pendurada na cintura, daí eu tinha um pau de meio metro, mas ninguém sabia disso. Quando eu tava sem ela, eu era um broxa, um merda. Pois voltemos prá 9. Eu olhei prá ela e decidi que era a hora. Destravei-a, pus em minha boca, o gosto sujo do metal me deixou mais depressivo. Tirei da boca e achei aquele gosto uma merda. Pus embaixo do queixo, apontando pro topo da cabeça, mas logo me perguntei se eu ficaria paraplégico com aquela estupidez toda. Era foda, eu queria morrer, não me machucar.
Deixei a arma na mesa e fiquei encarando-a.
- Que bosta, eu não tenho colhões prá isso. - E fiquei pensando sobre isso. - Porra, ia fazer uma sujeira... Deixa prá lá.
Guardei-a na gaveta e liguei prá uma amiga minha, gorda que é o diabo. Eu também era gordo, então foda-se.
- E daí?
- Thomas?
- É.
- Tudo bem?
- Quero te comer.
- Tá, vem cá.
Desliguei o telefone, peguei o celular, a carteira, dei um gole na vodka que eu deixava na mesa. Olhei para a 9:
- Você fica, sua filha da puta. - Ela queria me matar.
Tirei o coldre da cintura e sai, esquecendo o apartamento destrancado.