sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Duas caras

Vinte e um anos e eu estava me sentindo um velho solitário. Um velho sem amigos, sem amores e sem histórias. As pessoas me cansavam e eu não conseguia sorrir para qualquer um, dia após dia. Os amigos não surgem dos bueiros, loucos para inflar nossas vidas medíocres com amor e amizade.
As mulheres sempre me foram um problema. Me apaixonei pelas erradas, outras mais erradas se apaixonaram por mim. Um enorme problema de logística. Toda vez que transava por transar, tocava um coração e a minha inconsequência se tornava alvo de um amor tolo. Elas se apaixonavam por um pênis que vinha pendurado num cara magro. Pior que o pau nem era tão grande e o cara nem era tão legal. Quando eu me apaixonava, era o menino doce e bonitinho, mas as mulheres se assustam com esses tipos. Os caras frouxos sempre se machucam e elas nunca querem machucar ninguém. Aliás, acho que pouca gente têm esse intuito. Lá estava eu, apaixonado por uma louca, enquanto ela me tratava como um doce menino frouxo. Me faltam colhões nessas horas. Só sou homem quando me convém dar uma gozada. Eu e a minha tara por loucas. E as loucas e suas taras por fio terras. Porra, tem alguma coisa errada, tem que ter alguma coisa errada. E acho que é só comigo, porque ninguém grita. Parece que estou só eu nesse mar de solidão. Que merda, apaixonado de novo.