segunda-feira, 6 de junho de 2011

Abstinência

Ela passou por mim, com toda a sua beleza e suas sardas e seu piercing no nariz e seu cabelo no rosto, sem nem ao menos notar a minha existência. Foda-se, eu pensei. Ela não deve saber quem sou eu, qual é meu nome, o que eu faço. Mas muita gente deve passar por mim e achar que eu passo, com toda a minha beleza, sem nem ao menos notar a existência delas. Não que eu tenha um quê de beleza, só estou supondo que existam pessoas com tal gosto escroto, o gosto por mim. E eu pensei foda-se, pois ela não sabe quem sou eu e possivelmente jamais vai saber. Eu vou passar por infinitas outras mulheres que jamais saberão que elas me excitam. Não vai ser por isso que vou parar de transar. Não me preocupo com essas coisas levianas, o sexo e o amor e a masturbação, pelo menos não agora. Acho que o sexo é inevitável, não vou ficar 20 anos sem ver uma vagina. O amor é inevitável, não vou morrer sem amar novamente pelo menos umas 4 ou 5 vezes.
Das minhas abstinências sexuais, meus maiores períodos foram de 6 meses. E 6 meses parece muita coisa quando você transa todos os dias, ou toda semana, ou todo mês. Mas 6 meses não é nada para quem não transa há 3 ou 4 meses. Fiquei 3 vezes nesse limbo sexual dos 6 meses, as 3 vezes foram resultados de fins de namoros. Nada mais justo que o luto. 6 meses remoendo um sentimento, seja amor ou ódio ou, na grande maioria dos lutos amorosos, a mistura dos dois. Depois dos 6 meses, uma foda aqui, outra ali. E o sexo vai se aquecendo e voltando a ser comum. De 1 ou 2 fodas no mês para 3 numa semana. É o curso natural da existência. As coisas vem e vão e eu não estou nem um pouco preocupado com toda a sua beleza e suas sardas e seu piercing no nariz e seu cabelo no rosto. Estou vivo, é isso que importa.