quarta-feira, 1 de junho de 2011

Parabéns

Era aniversário da Marisa. 21 aninhos de pura delícia. Marisa, quem se chama Marisa hoje em dia? Acho que não existem as lojas Marisa lá no interior e a mãe da Marisa achava um nome bonito. Marisa, que nome estranho. Marisa me lembra lingeries e aquele perfil rosa de uma mulher. Ana Paula seria um bom nome, me lembra Ana Paula Arósio e seus peitinhos naquela novela, Hilda Furacão, se me lembro bem. Ah, como era boa a infância com os olhos azuis da Ana Paula Arósio. Podia ser qualquer nome, menos Marisa. Quer dizer, antes Marisa que Maria Lurdes (sem querer sacanear as Marias Lurdes... muito menos as Marisas) ou qualquer outro nome estranho. Enfim, Marisa fazia 21 lindos anos. Era uma mulher interessantíssima, inteligente e uma das mais belas e gostosas da faculdade. Marisa tinha amigos, muitos, mas nenhuma amiga. No aniversário eramos em mais de dez negos, Rafa e Carlos discutindo sobre São Paulo e Corinthians, Gabriel prometendo pra mesa toda que ia comer a Mariana (nome simples, interessante, nada de mais, muito melhor que Marisa!), o ser mais boçal e mais belo de toda a faculdade, uma galera comentando sobre a prova da semana passada, outra galera sobre a da semana que vem, muita gente falando ao mesmo tempo. Por incrível que pareça, ninguém nunca sonhava em pegar a Marisa. Ela era toda bonita, delicada, gostosa, mas ela tinha algo que as outras mulheres não tinham: uma pica. Brincadeira, ela entendia os homens, coisa que nenhuma mulher é capaz. Isso fazia dela um homem. Um homem bonita, delicada, gostosa que todo mundo tinha interesse, mas nunca nem pensava em "tentar alguma coisa". Eu estava no telefone com a Amanda, minha namorada, no meio daquele falatório todo e aquela bagunça. Marisa levantou-se e, com as duas mãos no decote, gritou:
- Pessoal! Um presente de aniversário pra vocês: vou mostrar os peitos!
Instantâneamente fez-se o silêncio. "Já te ligo, amor" eu disse, desliguei o telefone. Todos olhavam para a Marisa, sem acreditar no que ela dizia, mas ao mesmo tempo sedentos pela verdade.
- Vocês são muito idiotas. Eu vou cortar o bolo. Vocês querem cantar o parabéns? Eu não faço questão.